Friday, August 03, 2007

#25 - “DOSSIÊ CASARÃO ANO VIII”01.

Debates - Parte I – 26 de julho

Debates, seminários, palestras sempre podem parecer cansativos, por isso tem gente que nem vai e acaba perdendo o que realmente vale a pena: troca de informações, tecnologias e o principal, contatos. O mundo deve realmente precisar de mais roqueiros doidões e “revoltados”, pois tem gente que se empenha muito para atingir este status.

O primeiro debate se tratava da cena rock de Rondônia e na mesa se encontravam Rafael Altomar (Beradeiros), Flávio Bruno (FanROck) e eu (Nettü Regert – Vilhena Rock), além da participação direta, e porque não dizer decisiva, de Isaac Ronaltti (da banda Rádio Ao Vivo). Quando se iniciou o debate ficou claro o principal problema do ROck (Rock de Rondônia): o preconceito. E não é o preconceito da sociedade para com os “roqueiros”, já velho e viciado, e sim o preconceito que os roqueiros têm entre si e com o setor público. Bandas que só aparecem em reuniões para tocar, Festivais organizados sempre com um plano B na manga – esqueci de citar que em Vilhena possuímos o plano F, de f***u – reuniões e seminários com a participação de poucas pessoas (porém qualidade em alta) e o tão mal visto dinheiro público. Mal visto em dois sentidos: ou porque nunca o vemos ou porque quando vem normalmente está carregado de segundas intenções “eleitoreiras”. A primeira mesa de debates ficou praticamente restrita às dificuldades que o rock rondoniense tem enfrentado normalmente, inclusive discussão de pessoas que pensam nos mesmos objetivos, mas adotam caminhos diferentes. Rafael falou sobre o Projeto Beradeiros e seus objetivos para 2007, mas contou das dificuldades de que é aglutinar bandas para participarem da organização e execução do festival. Quanto aos encaminhamentos foram elaboradas duas metas: a criação de um calendário estadual de eventos e também estimular a criação de centros de comunicação nas cidades rondonienses que possuam um movimento rock minimamente organizado.

O segundo debate contou na mesa com a participação Daniel Zen (Filomedusa e Secretário de Cultura do Acre), Diego “Moita” Vedder (MR. Jungle/RR) e Vinicius Lemos (FanROck e organizador do Festival Casarão), e o objetivo era debater sobre a cena musical do Norte. O “Moita”, figuraça que já consta como lenda no rock de Rondônia, falou sobre o impulso que a cena rock de Roraima vem tomando após contatos com outras cenas do Norte, em particular com a de Rondônia durante o Festival Beradeiros do ano passado. Com poucos recursos eles criaram um festival Roraima Rock, com apoio logístico do SESC, que contou inclusive com uma participação internacional. Os resultados segundo ele foram positivos, inclusive houve a gravação de uma coletânea do festival, e para o próximo os objetivos serão mais ousados, como fortalecer o vínculo com cenas de outros estados. Já Vinicius Lemos contou de como se deu a evolução do Festival Casarão em todos esses anos, ressaltando que neste ano mesmo conseguindo a aprovação da Lei Rouanet os empresários locais não se sensibilizaram, inviabilizando boa parte das intenções iniciais do festival. Vinicius também é partidário da idéia de que se deve fomentar primeiro festas menores e mais constantes para aí sim se pensar em festivais, que exigem mais custos e tempo de planejamento. Daniel Zen, se me permitem o trocadilho, bem zen (tá, tentei ser engraçado), falou sobre as conquistas do Acre com o poder público no setor cultural e sobre iniciativas como o Varadouro e o Catraia Records, das quais participa. Ah, mesmo no Acre existem divergências, como a cena punk e metal que não se entendem com a proposta do Varadouro. Zen também salientou a importância da organização do movimento rock comparando com a importância de que associações de bairros e grupos folclóricos conseguem ter ao se organizar de forma a cobrarem politicamente por resultados que melhorem a situação de cada agremiação. Ficou a pergunta no ar: Por que roqueiros, ditos mais “conscientes”, não conseguem se organizar de forma eficiente?

É o que falta na cena rock de Rondônia, organização de forma coesa e adulta, e que supere todas essas barreiras de preconceitos e baixa estima (ou ego megalomaníaco) que tanto atrasam a cena local.

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