Friday, August 10, 2007


#26 - É FREUD OU É FRAUDE?
*Por: Isaac Ronaltti

Antes de ler este texto enviado por Isaac Ronaltti (Rádio Ao Vivo) respire fundo e faça um exame de consciência. Se críticas a você ou a amigos lhe incomodam, melhor parar por aqui, claro, isso se você for de Rondônia e tocar ou conhecer alguém que tenha banda por aqui. Se não for, pode ler a vontade. Abrindo a ferida para reparar os danos e fazer com que a cicatrização seja completa e mais eficiente possível.
Preparado?

"Resolvi, por malícia ou estupidez, colocar a intitulada 'Cena Rock de Rondônia' no divã. E nessa minha aventura pseudo-psicológica – afinal não sou psicólogo - tentar entender um pouco do 'Ide, do Ego e do Super-Ego' deste corpo estranho em formação – o Rock rondoniense. Procurei, em diversos campos do conhecimento, desde a ciência ocidental até a sabedoria do velho oriente, fórmulas e técnicas variadas para compreender um pouco do que está se formando em Porto Velho.

A princípio, possuímos uma boa quantidade de bandas. Embora, isto não signifique que, contamos com um grande excedente de qualidade reunido na região. Possuímos uma diversidade incrível de produção – considero esta, uma de nossas maiores qualidades – que deve ser protegida de modismos, ou de qualquer forma de padronização – me refiro a atual tendência de querer padronizar as bandas em um 'enlatado Indie'.

Parece que pouco a pouco estamos conseguindo desenvolver uma expressão de musicalidade regional, sem ser piegas, sem ser sectário, haja visto que, somos herdeiros de um caldeirão de culturas, que a história teve o cuidado de misturar, ou seja, somos uma mistura de índios, nordestinos, caribenhos, quilombolas, sulistas: uma notável síntese que vai desde as populações autóctones da região até os imigrantes dos diversos ciclos econômicos vivenciados por esta terra.

Chegamos a um ponto interessante: durante muito tempo, consumimos os despojos e as 'modinhas' dos grandes centros, e é natural que isso ainda aconteça, várias bandas são formadas inspiradas pelos conflitos repetidos e bobos da Malhação, ou mesmo pelo Programa do Faustão, ou ainda, tem gente que monta banda para um dia ter a oportunidade de estar próxima a uma das diversas gostosas do Programa do Gugu, exemplos que nos dão boas razões para vomitar aquela macarronada tradicional de todo domingo. Estenão é o nosso caso, graças a Deus, Thor, Buda, Odin, ou qualquer bêbado de Rondônia que montou uma banda para falar algo, principalmente, porque este último percebeu que tinha o que falar. Dessa necessidade de falar, sublimamos a fase dos covers, passamos, mesmo que timidamente, a usar nossas guitarras, baixos, baterias e gargantas para falar de nossas angustias, anseios e sentimentos.

Passamos a expressar nossa per-versão, passamos a per-verter – passamos a verter em persona, verter em personalidade o nosso som. Primeira fase vencida – a barreira do cover -, percebemos, hoje, que o público solicita as músicas das bandas locais – o que já significa um grande avanço.

Entramos em uma nova fase, e nela, está a crítica ao que produzimos: sendo muito mais que um crivo, na verdade um elemento primordial. Elemento este, que colabora forjando e consolidando a qualidade musical que, queremos, e devemos primar.

A fase da crítica, se subdivide em outras duas subfases: a primeira subfase é a crítica que classificarei como 'crítica do elemento externo' – basicamente se processa quando um elemento não pertencente ao nosso gueto, nicho, elabora visões e juízo de valor sobre o que produzimos. A segunda subfase é a 'crítica do elemento interno' – para não correr o risco de ser alvo de piadinhas homossexuais, até porque que não temos nada contra quem é, chamaremos de auto-crítica.

Visivelmente, ainda estamos na primeira subfase da crítica, e infelizmente, não conseguimos superá-la, tendo em vista que, ainda não aprendemos a lidar com a crítica, com quem critica. Acostumamos com as críticas passionais e corporativas dos amiguinhos do colégio, ou das menininhas da rua de casa – que diz que o cara é lindo, maravilhoso, mas que nunca analisou as músicas da tua banda de verdade. Acostumamos com falsos, torpes e famigerados elogios. Elogios que nos fizeram acreditar que alguns de nossos despreparos, fossem qualidades excêntricas presentes nos mais famosos rockstar’s.

A alguns dias atrás, ocorreu em Porto Velho, a Festa do Casarão. Durante a semana processou-se uma série de palestras e debates a respeito da cena rock local, contando com a presença de colunistas e críticos, entre eles: Eduardo Mesquita – conhecido pela alcunha de Inimigo do Rei (Revista Dynamite), Tiago (Revista Outra Coisa), e Ynaiã ( Espaço Cubo). O fato é que, passada a semana de debates e festas, ao decorrer dos dias as resenhas do evento foram surgindo: e estas, aparentemente, acabaram por ferir o ego e o brio de alguns membros de bandas locais; e acreditem, até de alguns fãs destas 'grandes bandas'. Não estou tentando depreciar as bandas locais, pois nelas estão muitos dos meus amigos, e até porque, se o fizesse, começaria pela banda que sou integrante.

Meu objetivo, tão somente é, dar uma 'porretada' nos filhinhos mimados que se acostumaram com a mamãe dizendo que o filhinho é bonitinho, e que tudo que faz é genial. Precisamos ir além.

O que importa se o cara “babou o ovo” do Presidente da Fundação de Cultura das Cucuias? Algum interesse ele tinha. Isso é problema restrito dele. O que cada banda, participante do evento, deveria atentar, gira em torno de aproveitar o olhar do outro, o olhar da pessoa de fora, atentar e fagocitar as linhas resenhadas a respeito de sua banda, e assim, tentar desenvolver um processo de autocrítica sobre o que a banda está produzindo. Ou então, façam o contrário, vão se queixar com a mamãe, ela vai dar colinho, vai te acalentar, vai suprimir os defeitos da tua banda, vai fingir que tudo é genial, logo, não se tem mais o que melhorar. Precisamos sim, de críticas e autocríticas. Entenda-se que, não estou defendendo ninguém; também não estou legitimando que pessoas de fora venham até nossa terra e apenas falem mal.

Digo, apenas, que devemos desenvolver maturidade para analisar as críticas que fazem de nosso trabalho. Devemos também, promover um processo de crítica coerente do que é produzido nos estados vizinhos, para que não caíamos no parvo proselitismo de dizer, por exemplo, que tudo que vem do Acre é bom, é genial, é original, ou que qualquer banda que seja bem criticada pela Dynamite, pelo Circuito Fora do Eixo, pela Rolling Stones, enfim, por qualquer meio que tenha um certo “know-how”, seja uma banda realmente boa. Tudo que precisamos é usar a palavra dos outros a nosso favor. Isso também faz parte do processo de produção.

Confesso, que fiquei até feliz, em ver pessoas que não são ligadas as bandas defendendo-as nos sites onde as mesmas foram resenhadas. Bem que estas pessoas poderiam abdicar a proteção da telinha do computador e começar a participar de debates, assim “cara à cara”, colaborariam bem mais. Quanto aos nossos debates, espero que, comecem a ter como respostas ações.

Pois, toda vez que nos reunimos, lembro do conto da Assembléia dos Ratos, que, reunidos, procuravam um meio de se proteger e se informar quanto o aproximar do gato; decidiram então pendurar um guizo no pescoço do gato. O problema é saber quem se habilitaria a colocar o guizo no pescoço do gato. Assim como os ratos, temos ótimos planos, precisamos apenas definir, com clareza, quem se habilita a executa-los.

Nosso movimentar é forte, assim como as águas do Rio Madeira, da cidade que é mãe dos Beiradeiros, do FanRock, das bandas de Heavy Metal de Porto Velho, das UnderRock’s, do Arena; forte como as águas de Ji-Paraná – as mesmas que levaram para si a vida do militante do Rock local: Maicon (Victor) , mesmo assim não acabando com as diversas pessoas que promovem a cena naquela localidade. Forte é o movimentar que transpassa o Estado de Rondônia até seus extremos, pois lá no extremo do Estado – Vilhena - temos o Nettu Regert batalhando pela cena. Sem falar nos muitos agentes que estão espalhados aí pelo Estado, que nem sequer os conheço.

Precisamos de críticas sim, não de comentários esdrúxulos e passionais, mas aí fica à critério de cada um saber o que se pode aproveitar. Precisamos nos autocriticar, aproveitando as referências das críticas externas. E para encerrar com uma piada maldosa... o que não podemos esperar é que venha alguém de fora e diga que todas as bandas são geniais, que todos nós somos bonitinhos, que nossos timbres vocais são impressionantes, que somos virtuosos, que nos vestimos bem; pois, das duas uma: ou realmente somos tudo isso, ou, ou algum de nós acabou de assumir a Presidência de alguma Fundação de Cultura ou Secretaria de Estado (risos) – aproveitando as polêmicas geradas devido aos elogios, um tanto quanto exagerados, de Eduardo Mesquita a Banda Filomedusa, que independente de, ter ou não, em sua composição o Presidente da Fundação de Cultura do Estado do Acre – Daniel Zen -, é realmente, muito boa.

Prefiro, educadamente, observar Daniel como baixista da banda, por sinal, ótimo baixista. Se não, podemos cometer o erro de achar que os elogios à banda, se devem, tão somente, devido ao cargo que se encontra Daniel Zen – o que seria uma tremenda injustiça".

8 comments:

BERADELIA said...

concordo com sua análise de cena isaac. Já a questão das críticas do Sr. Mesquita, concordo também que ele babou ovo de algumas bandas, pois não vi ele comparar matanza com Zumbis do espaço por exemplo...q seria uma comparação óbvia ao meu ver...CUECOS FALSOS com artic monkeys e outras baboseiras todas iguais por ai...mas bicho du lodo se parece até com OLHO DE PEIXE, coisa q nem sabia do q se tratava e fui descobrir que é umas banda de goiania que não tem nadaa ver com bicho du lodo. Mas ele conseguiu encaixar a banda na resenha dele fazendo uma espécie de JABA para os caras....Ultimato é Rage Against...Radio ao vivo é uma merda e A fabrica nem merceia estar no palco na visão dele. Visão DELE...apesar deu não gostar de radio ao vivo eu respeito pq há atitude ali além da musicalidade...assim como respeito todas as bandas daki...todas não..quase todas. Mas é bom um cara de fora mesmo falar umas merdas pq quando um cara mais próximo faz uma crítica geralmente essa crítica é levada para o pessoal quando não deveria ser. eu não represento mais projeto beradeiros, são todos irresponsáveis...do presidente até o colaborador da banda mais porca, não têm comprometimento com nada...acho sim q os debates foram importantes para tentar uma união da cena e quero achar uma maneira de movimentar algo...mas apesar deu achar o nome BERAEIROS ideal como vc disse, q oq mais une o povo daki é a questão de todos sermos beradeiros...o beradeiros ainda está muito tribo do rock...infelizmente... mas é isso...parados é q não podemos ficar... (Rafael Altomar)

Unknown said...

uma observação a parte: faltou o blog do espaço cubo na barra ao lado =D. Té!

Eduardo Mesquita said...

Isaac,
não me surpreendi com o texto, porque já sabia da sua inteligência e erudição. Eu realmente lamento que minha empolgação com a Filomedusa tenha te levado a acreditar que tenho interesse na avaliação. Isso diminui a banda e me "canalhiza". Mas se eu tenho o direito de falar o que penso, também tem você e eu aceito.
O texto ficou ótimo realmente e se de tudo que foi dito sobrar a provocação, muita coisa ficou.
Obviamente não volto atrás em uma letra que publiquei (e que ainda vai sair na Decibélica)pois não me preocupei em agradar ou ser legal, apenas em expressar minha opinião.
Ao fim e ao cabo são apenas isso: opiniões.
E quanto ao dito pelo Rafael o Olho de Peixe tem passagens parecidas com o Bicho du Lodo, mas possui uma diferença gritante: do Bicho du Lodo eu gostei, o Olho de Peixe eu não gosto.
Mas é como dito por Isaac, aos que ainda quiserem encarar opiniões com revolta, colo é lugar quente pra chorar.

Há braços!

Rádio ao Vivo said...

blá blá blá de sempre...

alguém faz algo pra mudar?

temos o que merecemos....



Elton postando

Resenhas Grindcore said...

ae rafael, são todos irresponsáveis mesmo, mas pelo menos no ano passado que se meteu a fazer o festival fez, e esse ano infelizmente todos ficaram parados, inclusive eu.

porém o tempo ainda nos permite sonhar com o festival, em vez de ficarmos postando coisas sobre o beradeiros, ou queimando-o em debates que tal sermos humildes e pedirmos ajuda uns aos outros??

potencial nós temos.

BERADELIA said...

foi mau ae se ofendi o beradeiros...mas não é queimar é falar a realidade.
As reuniões aconteceram e esbravejamos gritams pedimos pelo amor de Deus para q se todos quisessem q o beradeiros acontecesse q todos desse sua contribuição...não por CARIDADE mas pq o beradeiros juridicamente se trata de uma associação...agora se ninguém quer nada com nada...dá a marca BERADEIROS pra mim...pra ver se não ganho uma grana com ela...agora, trabalhar pra caralho se fuder...ter dia para decidir entre colocar 10 conto de gás no carro pra levar projeto na puta q pariu ou almoçar... imprimir projeto do meu bolso...isso tudo pra escutar merda no meu ouvido,
e cobranças infundadas...ae pergunto...oq cada um ta fazendo para ajudar a cena? q cena?
Não estou queimando beradeiros...mas ninguém deu o devido valor ao projeto...ninguém levou a sério...agora vão ai na ultima hora como SEMPRE...tentar resolver algo...realidade...não é queimação...precisando de ajuda tamo ai...precisando de um otário...tô fora...

Alisson Dioni said...
This comment has been removed by the author.
Alisson Dioni said...

De início gostaria de pedir desculpas por postar tão tardiamente. Infelizmente pude ver a matéria somente agora.

Mas Rafael... na boa: acho que você não tem porque ficar chamando os outros colegas do Projeto de irresponsáveis sendo que você e mais outro colega centralizaram uma determinada tarefa dentro do projeto e não procuraram envolver outras pessoas na realização da mesma. Além disso, tem o fato de um outro colega ter precisado dos dados de um documento que estava em sua posse para realizar o trabalho dele e até hoje não coseguiu. Faz cerca de três meses que este colega tenta obter estes dados com você e até hoje você não os disponibilzou.

Reconheço que você correu atrás de uma série de coisas para o projeto, isto é inegável. Mas isto também não significa que você é o Cristo do Beradeiros. Teve um colega do Projeto que, para correr atrás de segurança e uma ambulância para o Festival do ano passado, tiveram que entregar um ofício no comando da polícia militar, localizado próximo ao colégio Tiradentes, bem distante do centro da cidade, de ônibus, e depois disso, teve que ir entregar outro ofício lá na Secretaria Municipal de Saúde, andando cerca de 5km até lá, a , sem ar condicionado, em meio ao sol quente do horário de almoço. Sem contar que este colega chegou em casa nos entornos das três horas da tarde, quando finalmente pôde almoçar.

Outros colegas, no início do ano, passaram três dias numa correria louca, buscando contatos de jornais, gastando dinheiro do próprio bolso com impressões em lan houses, andando (novamente) no sol quente de Porto Velho e uma série de outros sacrifícios. Tudo isso para garantir a divulgação do Grito Rock.

E até hoje nunca vi esses colegas reclamando disso...

Na boa cara: acho que você devia desinflar um pouco seu ego e aprender a ter um pouco de humildade...

Saudações...