Sunday, October 26, 2008

#84 - “Ouro Preto é prá lá de Bagdá?”

Machado Rock Festival – 2º dia

Segunda noite de festival, ou como dizem os organizadores do festival “a mais light”, uma chuva que faz o festival começar um pouco mais tarde que o previsto. Quanto às bandas que se apresentaram:

Di Marco: A primeira banda da noite, com a seqüência autoral “Balada para um morto”, “Parece não haver mistérios (no embalo dos nossos quadris)” e “Toda vez que chove”. A banda mostra que após a mudança de formação continua “redondinha” (sem trocadilhos Rapha) e em constante evolução. A banda “da galinha branca” (piada interna) demonstrou que a levada dançante de suas músicas está cada vez melhor, com destaque para a primeira e terceira músicas.

Rocha Firme: Com a seqüência “Ser humano”, “Rocha firme” e “Jesus é o caminho” a segunda banda da noite foi bem competente, embora alguns músicas pareceram se sentir intimidados com o palco, com um público não costumeiro em suas apresentações. Com canções cristãs (notem que as bandas cristãs foram maioria no festival) a banda soube bem se desempenhar, limitando-se como “erro” a timidez de alguns integrantes que ali se apresentavam. Destaque para a primeira música.

Calibre a Gosto: Segunda apresentação da banda que eu vi (a primeira foi no Grito Rock local em 2007) e a mesma sensação: rock caótico (no bom sentido). A Calibre tem como característica surpreender, com quebras de tempo, mudanças radicais de riffs. Também não tem como lembrar de Maycon Victor quando a banda começou a tocar a seqüência “Valores e o preço”, “Asas de Aço” e “Novo tempo”, embora o novo vocalista – Roni Peterson – mostrou-se a altura de substituir o saudoso vocalista.

Eclipse Final: Queria imaginar um culto com bandas que desfilaram a mistura de rock pesado e letras cristãs, a Eclipse Final, ao seu jeito, demonstrou que dá para aliar peso e consciência nas músicas quando desfilou a sequência “Desprezo”, “Só você” e “Revolta”. Uma boa performance de palco, chamou a atenção mesmo, e um peso potente e equilibrado nas cordas e bateria. Voltando ao começo: como seria um culto onde os fiéis batessem cabeça para louvar A palavra?

Banda Relicário: A última banda da noite – e uma das mais conhecidas do estado – e que recentemente lançou um CD independente. Com toda a experiência, e competência, a Relicário fechou a noite com “Ainda preciso de você”, “Quebra cabeça” e “Sentidos”, destaque para a última música que demonstrou que a banda não é só doçura, mandando uma música com peso acima do esperado – e muito boa por sinal.

O Incidente

Durante um momento de empolgação etílica de um rapaz, que inclusive chegou a ser detido pela PM por uns momentos, quem pagou foi o público que foi para curtir o festival de uma forma mais sossegada. Sobrando até mesmo para os jurados – o sujeito se jogou na mesa onde os mesmos estavam – quem levou a pior mesmo foi a rádio PVH Caos, que teve parte de seu equipamento danificado por alguns desses momentos de empolgação da galera que não entende que para se divertir não é necessário invadir e estragar a privacidade e segurança de um próximo. Fazer o que, felizmente foi o único incidente do festival que até agora tem mostrado a diversidade do rock de Ji-Paraná.

O Festival

O Machado Rock Festival é um festival cujo objetivo é divulgar as bandas locais e premiar as 12 melhores músicas autorais com a gravação de uma faixa (em estúdio) com a mesma, estas que farão parte do CD do Festival.Para ajustes técnicos as bandas tocam uma música cover e depois têm direito a concorrer com três músicas autorais.

A final

Daqui a pouco serão apuradas as notas das bandas e dados os resultados das músicas eleitas para o CD. A noite serão apresentadas as 12 músicas do CD e como encerramento terá a banda Bicho Du Lodo, que já se encontra por Jipa.

Independente do resultado é importante ressaltar que o festival esteve nivelado por cima o tempo todo, todas as bandas foram competentes. Agora é o pessoal ralar e a cidade de Ji-Paraná começar a dar valor para a cultura independente, pois os agentes da mesma estão sendo muito felizes com a organização do festival, e além dos músicos, os produtores, roadies, designers e outras áreas afins possam se empenhar e capacitar para levar mais para a frente o rock ji-paranaense.

Saturday, October 25, 2008

#83 - “Velhos tempos que tocavam System of a Down”

Machado Rock Festival – 1º dia

O Machado Rock Festival (antes chamado Rock in Rio Machado, mas a família Medina – produtora do famosíssimo festival “deu as caras” – e o festival teve de mudar de nome) é um festival cujo objetivo é divulgar as bandas locais e premiar as 12 melhores músicas autorais com a gravação de uma faixa (em estúdio) com a mesma, estas que farão parte do CD do Festival. O esquema é assim, para ajustes técnicos as bandas tocam uma música cover e depois têm direito a concorrer com três músicas autorais.

Estou em Jipa, chamado para ser jurado do evento, e ontem (sexta-feira) se deu início à primeira etapa, onde parte das bandas se apresentaram para concorrer à finalíssima de domingo. Hoje tem mais, mas isso é assunto para outro post.

Nesta sexta feira (24/10) se apresentaram seis bandas, conforme os comentários a seguir, de primeira impressão o festival é bem organizado, pessoal na correria (como sempre), com direito a transmissão ao vivo pela PVH Caos (link na seção “visite também”) do caro colega Léo (vilhenense de nascimento e porto velhense de coração – embora uma garrafa térmica e um cuia de mate o denuncie, hehe). A frase título do post foi mandada pelo apresentador do festival, cujo o nome me esqueço agora, mas até o fim da cobertura do festival eu trago, me deu uma sensação que já estou ficando muito velho.

Mas vamos às bandas:

Nintendo: Pop Punk, puxado para o lado do hardcore melódico. Daquelas bandas que você jura que já ouviu por aí na primeira música que tocaram deles “64”. Na segunda – “Tudo que tenho para te dizer” - mostraram originalidade, com bom revezamento de vocês, essa música mais puxada para o melódico. A terceira “Não vou correr atrás” ainda esbarra naquele lance do lugar comum de bandas do mesmo estilo, mas o refrão dá uma puxada, mais com a cara da banda. Têm potencial, mas tem bastante caminho pra correr.

Sanctuarim: New metal cristão. A banda surpreendeu, mas faltou a pegada do baixo, ( a banda tocou com duas guitarras, sem baixo), pro som ficar mais “porrada”. Das três músicas “Humanidade”, “Forte” e “Poderoso Deus”, na seqüência, a que mais emplacou foi a primeira. Vale ressaltar que a pegada da banda é boa, talvez a dica é agilizar um baixista e trabalhar um pouco a primeira voz, que em alguns instantes sumia.

Tatudikixuti: Hardcore, rock nacional. A “Tatu” andava meio sumida, dedicada aos ensaios e músicas novas, e essa ausência deu bons resultados. A sequência de autorais da banda foi “Covardia”, “Nasce enganado” e “Despertador”. A primeira foi um mix de ritmos, com boas variações, indo de um quase hardcore novaiorquino a um rock mais acelerado. Destaque para a terceira e última, que mostra a proposta da banda, música sobre o cotidiano, misturando rock mais pesado aos estilos mais de rua, como punk e hardcore.

Neófytos: Metal / Crossover. Entraram de sola e mandaram “Domination” do Pantera, e talvez eles eram os donos da maior “torcida” do dia. Depois da cover, e do público devidamente conquistado, fizeram sua sequencia autoral com “Astroscopia”, “Condenados pela Guerra” e “Perdidos em História”. A primeira, acredito que conhecida por quem acompanha o trabalho da banda ji-paranaense, já estava sendo cantada pelos fãs da banda, mas a música que mais me chamou a atenção foi a segunda “condenados...” pela variação de vozes, que o vocalista domina bem, e a banda competente, apesar da recente troca de baterista, que neste caso não parece ter atrapalhado.

Hawk Angel: Metal. A Hawk é mais voltada ao metal clássico, com canções gospel. “Decisão” e “Almas” foram as músicas autorais apresentadas pela banda, que optou em não tocar a terceira, por questões técnicas, antes de subir ao palco. A proposta da banda é redonda, como todas as outras que se apresentaram anteriormente, sabem o que querem, mas fica o conselho para que na música “Decisão” seja baixado pelo menos meio tom (claro, senão prejudicar no restante da música).

Luciano Bispo: Pop rock gospel. Última banda da noite, cuja seqüência foi “Sinistro”, “Olha pra mim” e “Ji-Paraná”. Luciano Bispo e banda foram o contraponto da noite, onde os outros grupos estavam investindo no som pesado e rápido, a banda trouxe um pouco de suavidade. Da lista apresentada as duas primeiras merecem destaque, pela melodia e arranjos.

A banda escalada para encerrar a noite foi a Ultimato, direto de Porto Velho. Domingo será a vez de outra banda beradeira fazer sua apresentação na “cidade coração de Rondônia”, a Bicho Du Lodo.

Quem estiver em Ji-Paraná, centro do estado, pode vir acompanhar o festival, a entrada é franca, e hoje conta com a segunda parte da primeira fase, com as bandas Di Marco, Rocha Firme, Calibre a Gosto, Eclipse Final e Relicário.