Monday, August 27, 2007

#33 - “BEIRADEIROS: CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE UM FESTIVAL QUE SE TORNOU PROJETO E, DE UM PROJETO QUE AINDA SE LIMITA A UM FESTIVAL”.
Por: Isaac Ronaltti


“As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam”
(Bernard Shaw)


1. Discutir cena é algo delicado. Comum também é, que pessoas se sintam ofendidas, ou, no mínimo, contrariadas, quando alguém expõe seu ponto de vista, achando que, desta forma, possa colaborar para dissolução de alguns comportamentos que, normalmente, são naturais aos “pepinos do mar” - estes últimos possuem órgãos e estrutura física, muito embora, não pensam, não agem e não interferem. Não falo isso para todos, e consequentemente, apenas os que se encaixam e se aproximam das características dos “pepinos do mar” é que de alguma forma ficarão ofendidos.

Pois bem, este sujeito “turrão” - assim como o amigo Vinícius me classificara (risos) -; que vos escreve, andando uns dias atrás pelas ruas de Rio Branco, tentando se refugiar do calor e do sol escaldante de uma tarde, adentra o espaço do Café do Teatro Hélio Melo e encontra com H.Montenegro - um músico bem conhecido da noite portovelhense. H. me contava que tinha vindo de Porto Velho com o objetivo de expor sua arte no Acre, mas que, infelizmente, estava tendo certa dificuldade para conseguir espaço para tal; Nisso, começamos uma longa conversa sobre: identidade, música regional, teatro, filme, enfim, conversávamos sobre cultura. Falei para ele do Projeto Beiradeiros, ele disse que já tinha ouvido falar, e que, no Festival do ano passado tinha grande vontade de ter participado do evento, contudo, não surgiu a oportunidade.

Bem, depois dessa conversa com “o pernambucano mais rondoniense que já conheci” (créditos ao Nettu por esses trocadilhos estaduais), cheguei em casa, e com a cabeça fervilhando, comecei a fazer uma série de questionamentos que, infelizmente, não foram transcritos no mesmo dia, devido meu “Ap” ter sofrido um denso e terrível ataque de baratas.

Depois de eliminar um bom número de baratas, juntei o bojo de pensamentos surgidos a partir da conversa com H. aos diversos debates, comentários, desavenças e problemáticas surgidas no Vilhena Rock Zine, a partir da publicação de artigos, e etc...etc.

Dos diversos pensamentos, surgiram em minha mente palavras em negrito - isso se deve a importância do conceito de cada uma destas palavras-; longe de uma tentativa de análise epistemológica, palavras como: cultura, projeto, beiradeiros; escondem em seu cerne uma incrível gama de discursos e conceitos que se, não atentados, desmontam qualquer processo de interferência social - me refiro ao Projeto Beiradeiros. Mas, a que grau estamos realmente interferindo na sociedade, haja vista que, o Projeto Beiradeiros é descrito em seu estatuto como sendo um projeto cultural, e suas atividades devem ter como fim, como objetivo, a mudança de conceitos, comportamentos e realidades? Muitos me diriam que estou supra-valorizando o Projeto, que são considerações megalomaníacas, enfim, mas vou tentar construir uma explicação plausível para referendar minhas afirmativas no que tange ao Projeto Beiradeiros, que naturalmente, por si só, é muito mais que uma vertente da cena rock rondoniense, ao passo que, as dimensões e objetivos do projeto não se restringem apenas à promoção de um festival de Rock. Naturalmente, por momento, tudo que os participantes do Projeto Beiradeiros podem fazer é promover o Festival, logo, as ponderações que farei a seguir, servirão mais como reflexão para as atividades do Projeto Beiradeiros e planejamentos para o ano que vem.

Em 2005, aconteceu a 1º versão do, na época, “Festival dos Beradeiros”, realizado a partir da parceria do Metal/RO, Prefeitura Municipal de Porto Velho, SESC, encabeçado pela organização da Tribo do Rock, na época, ainda não existia a idéia de um Projeto, era apenas um Festival. O fato é que, a partir de Outubro de 2005 objetivou-se a construção do Projeto Beiradeiros deixando de ser apenas um festival, tornando-se: um projeto cultural, sem fins lucrativos - não significando que não possa ter movimentação financeira -; que tem entre seus principais objetivos a valorização das manifestações culturais locais; tendo seu corpo composto por: artistas plásticos, músicos, literatos, pesquisadores, etc...etc. Ainda, o Projeto tem como um de seus objetivos a realização de um festival anual. Pois bem, os diversos problemas enfrentados pelo Projeto Beiradeiros atualmente, são frutos de um Projeto que se resumiu a apenas um de seus objetivos: o festival. Isso está colaborando para a descaracterização do mesmo, e colaborando para o momento - “Socorram!!! O piloto sumiu”.

Precisamos pontuar algumas questões básicas para que, possamos repensar o Projeto Cultural Beiradeiros, para que o mesmo não venha perder toda riqueza que está contida em suas entranhas, se resumindo apenas a Projeto do Festival Beradeiros. Creio que já se tornou visível a contradição. Reafirmo que, estas considerações pouco servirão para o atual momento, mas serão de grande contribuição no dimensionamento do Projeto para o ano que vem.

O que está por trás destas três palavras: Projeto Cultural Beiradeiros?
Tentarei responder, a princípio, desfragmentando e esmiuçando estas palavras.

1.1 - DO PROJETO:

Inicialmente, precisamos ter em mente que, um Projeto não é uma fórmula, pois a fórmula não está sujeita as mudanças em sua estrutura, e se feito, o resultado da equação será errada. O Projeto, na verdade é, apenas um norteador, uma coluna cervical, móvel, aberta a adequações, reformulações, cortes, adendos, extinções, normatizações, ou seja, o Projeto permite certa mobilidade, contudo, necessita de sensibilidade por parte de seus dirigentes para que percebam em momento certo para que lado sopra o vento, e qual é o momento certo de virar a vela.Em síntese, poderíamos dizer que, projeto é: a base e o parâmetro norteador das ações executivas: o planejamento, o percursso, o tempo, a execução, a análise da execução, um novo planejamento.

No que tange ao Projeto Beiradeiros, sua estrutura funciona através de um Projeto político ideológico, que é a coluna cervical, o referencial, a identidade, a alma que é a origem das ações. Esse Projeto “alma”, ideológico, é o que dá o tom e direcionamento de um outro projeto - o executivo; o projeto executivo deve ser feito anualmente no começo de cada gestão. É nele que, se constroem análises mais aprofundadas de onde estamos, e para onde queremos ir, claro que tudo consoante ao Projeto “alma” que é sintetizado no nome Projeto Cultural Beradeiros.

Dentro do Projeto, existem as determinações: “de continuidade” que estão diretamente ligadas ao corpo político ideológico do Projeto, seguidas das determinações “temporais”, estas últimas, formuladas a partir das decisões do planejamento anual; todas tendo poderes acessórios para a execução dos objetivos de curto, médio e longo prazo.


1.2. - DA CULTURA - O INSTRUMENTO POLÍTICO

Já falamos das características de Projeto Cultural que o Beiradeiros tem, mas afinal, o que entendemos por cultura?

Conheço duas exemplificações do conceito de Cultura:

A primeira exemplificação conceitua cultura como “tudo que é produzido pelo homem”. A segunda exemplificação define cultura como “tudo aquilo que pode ser legado, que pode ser ensinado”. Gostaria de trabalhar com a segunda conceituação exposta de cultura, e nisso, faço gancho para perguntar: em que realmente estamos sendo um Projeto Cultural?

Betinho, certa vez falou que a Cultura muda o mundo. Concordo, em grau, gênero e número com ele.

No caso do Projeto Beiradeiros, a questão cultural é a alma do Projeto, é o instrumento político, que em nenhum momento pode se transformar em apenas um bom argumento para abrir portas de patrocínios.

No momento não vou tocar nos limites e problemas - farei isso em uma parte separada -, deixo apenas o questionamento: se cultura é legado e interferência direta na realidade de nossa sociedade, o que estamos legando? Em que estamos interferindo?


1.3. - DO BEIRADEIRO - O INSTRUMENTO IDEOLÓGICO

Afinal, o que é e quem é o Beiradeiro?

Até uns anos atrás, Beiradeiro era um xingamento local, se remetia a um deboche do homem pacato e humilde que mora na beira dos rios.

A banda Quilomboclada gostava de definir Beiradeiros como os ribeirinhos e os “afro-indígenas”. Mas depois de muitas reflexões que fiz, confesso que as mesmas ainda incompletas, percebi que, o conceito de Beiradeiros para nós é algo muito mais denso, incutido de uma gama de significados, e o mais incrível, um dos poucos pontos que nos é comum não só em Porto Velho, mas em todo Estado de Rondônia.

Nisso, construir um conceito que traduza em uma unidade a nossa diversidade, é passo fundamental para que, possamos definir e consolidar nossa identidade de portovelhenses, de rondonienses - como o Nettu mesmo falou: “cada cidade de Rondônia parece um universo paralelo”, haja visto que, como nos afirma Gramsci, um povo que não tem identidade, algo que os una, que os torne comum, é um povo sem memória, e um povo sem memória está mais suscetível a vir a ser dominado.

Foi analisando nossa história, os ciclos econômicos que viveram nossa terra que, percebi um ponto em comum que nos une: nós: rondonienses e rondonianos somos todos Beiradeiros. Todos nós estamos à beira, nos desenvolvemos a beira, somos “marginais”, nascemos à beira dos rios, da ferrovia, da BR-364, portanto somos Beiradeiros. Assim, também são nossas cidades, principalmente Porto Velho que nascera a beira do Madeira, assim como as diversas cidades que se desenvolveram a beira da BR-364. Desenvolvemos-nos a beira, assim como fomos colocados à beira ao decorrer dos diversos ciclos econômicos. Para melhor ilustrar, transcreverei um trecho, do capítulo 21, do livro que estou escrevendo sobre a Cena Rock em Porto Velho, só atentando que, embora o livro trate de um apenas da representação local de um estilo musical, a Cultura Beiradeira não se resume a um estilo, a um tipo de música, é muito mais que isso:

“Beiradeiro é todo aquele que está a margem. Diria simplesmente que, o conceito de beiradeiros inclui todos os excluídos,sejam eles excluídos pelos ciclos econômicos, pela classe social, por etnia, cor e credo.
O diferencial do beiradeiro é que ele não luta para incluir-se na lógica do dominante, ele volta-se para o que é seu, e passa a dar valor singular as suas peculiaridades, percebe finalmente, que ele - o Beiradeiro -; não precisa entrar nas correntes das águas dos outros, tendo que assumir a posição de remar contra ou a favor das marolas. Percebe, tão simplesmente que, pode conduzir o seu caminho, valorizando a margem, e decidindo para onde andar.Os Beiradeiros possuem os pés fincados na terra,e não entram nas águas simplesmente porque alguém diz que assim deve-se fazer,que assim caminha o progresso e o desenvolvimento.O Beiradeiro é, decididamente,e a afirmativa do alternativo”.


Em termos mais específicos, a expressão cultural beiradeira é marginal:

“...pois sempre esteve a margem,sempre fomos o excêntrico,na maioria das vezes pouco valorizada, até pelo público local,que devido uma tradição típica herdada da colonização,tem o costume de valorizar e entender que se deva dar valor e crédito somente aquilo que vem dos grandes centros”.


Este componente ideológico - a criação da idéia do Beiradeiros -, o Projeto não pode se desvincular ou esquecer, sob pena de tornar-se um Projeto vazio, ou pior, transformar-se em uma mera produtora de eventos.

Por isso que acho reducionista demais tratar o Beiradeiro de Rondônia apenas como o afro-indígena, ou apenas o ribeirinho, até porque se tratássemos apenas dos negros - e não me venham com a aquela baboseira de chamar os negros de descendentes de escravos, afinal, nunca existiu um país chamado “Escravolândia”-; num estado como Rondônia já teríamos um bom número de contradições, haja vista que, o negro encontrado em Porto Velho é em sua maioria de origem caribenha, trazido para trabalhar na construção da EFMM - naturalmente de raiz africana, capturado e usado como mão-de-obra escrava nas colônias caribenhas, em especial, as colônias inglesas: que ainda são responsáveis por um traço singular do negro portovelhense - o protestantismo, um bom exemplo do que estou falando são os Shockness e os Johnson’s; Muito diferente do negro encontrado no Guaporé, que é remanescente quilombola, religiosamente, ainda está ligado fortemente aos cultos afros, mas tem traços fortes também do catolicismo, esse sincretismo religioso é responsável por uma das mais ricas manifestações culturais do baixo - Guaporé - a Festa do Divino; Como podemos ver, e é fato, há em Rondônia uma diversidade fora do comum, uma diversidade que, creio eu, pode ser resumida em uma unidade - o Beiradeiro.

O povo acreano, é conhecido atualmente por sua identidade fortemente sedimentada. Mas isso não se construiu de uma hora para outra, é fruto de um trabalho político-ideológico de mais de 30 anos (não cabe no momento avaliar seus pontos positivos e negativos), um trabalho que envolveu os CEB’s - estruturado a partir da versão católica para o marxismo: a Teologia da Libertação; um trabalho que envolveu os sindicatos rurais, mas principalmente, a partir de um processo de apoderamento popular, onde fora valorizado a figura dos Povos da Floresta como ponto de unidade dentro da diversidade, o que seria futuramente sintetizado na idéia-conceito do “Florestão” - uma palavra que singularmente descreve o índio, o seringueiro, enfim, o povo acreano. Se bem lembrarmos, Gramsci nos advertia a respeito da importância da identidade como forma de defesa em relação ao dominador. Pois bem, da mesma forma, no Acre, a frase de Bernard Shaw usada na epígrafe é perfeitamente anexa à realidade vivida para a construção de um conceito que expresse a identidade de um povo, seria no caso “criar as circunstâncias que precisamos” para nos auto-afirmarmos. A partir de meados da década de 60, a questão fundiária, foi, sem dúvida, um dos piores problemas enfrentados pelo Estado recém criado do Acre: isso devido a ter se classificado o seringueiro como camponês - aqui percebemos a importância dos conceitos-, o fato é que a partir do início da regularização das terras embasadas no “Estatuto da Terra” - criado pela Lei 4.504, de 30-11-1964: decididamente, uma obra do regime militar que, de forma tirana, assumiu o poder no mesmo ano, e visava de certa forma “salvaguardar” a nação de possíveis distúrbios, haja vista que, em 1959, Cuba havia passado por um processo revolucionário popular, e acontecia de forma semelhante em toda América, um intenso movimento de Reforma Agrária (México, Bolívia), até como forma de acalmar as organizações camponesas que, ao momento, se articulavam a todo vapor - enfim, o Estatuto da Terra, desenvolvido visivelmente sem atentar para as peculiaridades do povo acreano, cometeu o equívoco de classificar o seringueiro como um camponês, como um agricultor, e como determinava o estatuto: o camponês teria direito apenas ao espaço de terra que era composto pela sua casa e sua lavoura, sendo delimitado um espaço de 90 hectares para cada um; o fato é que o seringueiro não se encaixava dentro do conceito de camponês, haja vista que, a manutenção de sua vida não estava no pequeno roçado que mantinha, e sim, nos varadouros de onde se tirava o leite da seringa, que naturalmente extrapolava a quantidade de hectares prescrita no Estatuto da Terra, dado que as seringueiras estão dispersas na mata. Nisso, o conceito de camponês, era altamente prejudicial para o seringueiro, pois sua atividade como agricultor poderia no máximo ser considerada uma atividade complementar, acessória, um proto-campesinato.

A partir dos diversos embates e lutas políticas, o povo acreano percebeu que tanto para enfrentar problemas como anteriormente relatado, ou mesmo, para enfrentar os “paulistas” - pecuaristas que invadiram a região, derrubando matas e expulsando seringueiros de suas colocações na década de 70 -, precisar-se-ia fortificar os traços de identidades do seu povo.

Semelhantemente aos acreanos, nós, rondonienses e rondonianos, por vivermos em um Estado que sempre fora usurpado, desvalorizado, lembrado apenas pelas diversas chacinas que mancham nosso chão de sangue, precisamos criar laços de unidade, fortificar e desenvolver nossos pontos em comum, desenvolver nossa identidade, até como forma de defesa, nisso, a idéia do Beiradeiros vem muito à calhar.

Rondônia não é um novo nordeste por ter um grande número de nordestino compondo sua população. O interior de Rondônia também não pode ser encarado como um novo Paraná, ou um pedaço do Rio Grande do Sul, afinal, foi esta terra que alimentou, sem queixar-se, até os ingratos.

Salientei alguns dos pontos básicos que configuram a idéia de um Projeto que, objetiva-se cultural, e que, ideologicamente tem por meta a promoção das manifestações culturais locais, as manifestações Beiradeiras.

2. COMO PROJETO: ONDE AVANÇAMOS?

Como Projeto, avançamos na questão da valorização da produção própria local. É fruto do Projeto Beiradeiros toda a movimentação que vem acontecendo nos últimos dois anos em torno da produção autoral local. Contudo, ainda não estamos agindo como um Projeto Cultural, tendo em vista que, a produção local, ligada ao Projeto ainda se limita, apenas, a produção das bandas de Rock, com raras exceções. Tudo bem que o Projeto não dispõe de um caixa, mas nem se quer um periódico a respeito do Projeto é produzido, nem um Fanzine, isso poderia ajudar muito na sedimentação na sociedade das idéias do Projeto.

Precisa-se romper a barreira do nicho rock formado no Projeto, para isso necessita-se promover outras manifestações artísticas: teatro, vídeo, grafite, literatura. Por exemplo: o Del possui um acervo incrível de vídeos sobre a cena rock local, esses vídeos, se digitalizados e editados, poderiam ser apresentados durante o festival, e ainda, possuiríamos um bom documento de apresentação de nosso movimento.

O Projeto precisa promover outros estilos de música, outras manifestações. Perceber que é responsável pela promoção da identidade local, e essa identidade não pode correr o risco de se resumir a um estilo.

Um outro ponto positivo é que o Projeto continua mantendo como uma de suas principais preocupações a questão social. O único problema é que as ações não estão tendo continuidade, ao passo que precisamos superar a idéia da interferência direta apenas através das doações; precisamos trabalhar a conscientização - primeiro dos membros do projeto - a respeito das noções de apoderamento, trocar conhecimentos gerando autonomia. Seria até interessante lançarmos a proposta de mantermos um Ponto Cultural - afinal, segundo as propostas do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), está previsto a instalação de mais 4 pontos de Cultura em Porto Velho, semelhantes ao Espaço Preto Goez, porém, acho essa proposta prematura.


3. ONDE RECUAMOS?

Já no primeiro ano de Projeto, pouco conseguimos agir como tal, porém mantivemos a base ideológica norteadora do Projeto protegida. Tentamos articular outras manifestações culturais locais, sendo que, no ano de 2006, ainda que debilmente, sustentamos a proposta de um Projeto Cultural.

Infelizmente, devido as diversas dificuldades encontradas na atual gestão, tudo que pode e deve-se fazer é realizar o Festival, sendo que este ano, o Projeto Cultural Beiradeiros, está limitado a concretização de apenas um de seus objetivos: o Festival. Tudo bem, isso é contornável, só não pode se tornar costume, porque se não, de Projeto Cultural nos transformaremos, como disse anteriormente, em uma mera Promotora de eventos.


4. CRESCENDO COMO PROJETO: COMO CONSEGUIREMOS?

Através de atividades e cursos de capacitação. Atividades que envolvam os membros do coletivo, promovendo a médio prazo, o apoderamento, de cada membro, em relação às atividades e diretrizes do projeto, gerando autonomia suficiente, para que o Projeto não tenha que estar constantemente dependente de uma ou outra figurinha carimbada, garantindo a continuidade do Projeto e sua raiz ideológica.

É nesse ponto que, precisamos valorizar o conceito de cultura como tudo aquilo que pode ser legado. Precisamos legar, compartilhar, trocar conhecimentos, assim nos fortificamos como Projeto, e ainda promovemos uma das metas básicas do mesmo: a valorização das ações culturais locais.

Por exemplo, poderiam ser desenvolvidas diversas oficinas entre os próprios membros do Projeto, temos figuras de conhecimentos incríveis dentro do projeto, que poderiam compartilhar seus conhecimentos: o próprio Rafael: é genial na produção de designers gráficos: poderia ensinar, mesmo que superficialmente, noções básicas de como desenvolver um bom panfleto, a estrutura de um zine, enfim, seu conhecimento poderia ser usado e socializado com o corpo do projeto, é claro que não de forma profissional. O Elton, tem muito conhecimento na área da formulação de documentos oficiais, e isso num Projeto, é simplesmente imprescindível ter conhecimento, afinal, os membros em geral precisam utilizar constantemente: ofícios, memorandos comunicados, circulares, contratos.
No mais, é necessário ter em mente que precisamos nos municiarmos, nos aparelharmos, nos prepararmos.

O Projeto Beiradeiros precisa desenvolver e se aproximar de outros segmentos que promovem cultura em Rondônia - HIP-HOP, MPB, artistas plásticos, poetas, atores e atrizes, repentistas, fanzineiros, skatistas, centros de cultura negra e manifestações religiosas, enfim, agir realmente como um articulador, como um aglutinador, como deve ser um Projeto Cultural. Para poder, futuramente, ter reconhecimento e respaldo para comprar brigas maiores, como por exemplo: encabeçar uma proposta de Lei de Incentivo á Cultura, seja Estadual ou municipal. Principalmente porque sabemos o quanto as Leis federais de incentivo a cultura (Rouanet, Mecenato) não condizem e não são flexíveis em relação às dificuldades de apoio cultural em nosso estado, pois até o incentivo fiscal, é débil como atrativo para um eventual apoio, haja vista que, esse apoio, não é integral as empresas patrocinadoras de projetos.


5. O PROJETO BEIRADEIROS E SEU CORPO ADMINISTRATIVO

As dificuldades do Projeto atual se dão um pouco por falta de zelo com o que o estatuto prescreve. O estatuto é um instrumento de acordos e deliberações que organiza a administração do Projeto. Se não me engano, creio ter visto algum comentário, de um representante do Projeto, dizendo que se deliberava ações na assembléia e não se cumpriam as mesmas, e se cumpriam, mudavam o deliberado ao bel prazer. Justamente para isso, é que existe a Ata, que creio eu, não está sendo produzida durante as reuniões. É preciso que os membros do Projeto tenham em mente que o mesmo é um corpo jurídico, e que infelizmente, nesse corpo jurídico, o verbal tem pouco valor, precisa ser documentado e registrado, para eventualmente cobrar e preservar as decisões do coletivo.

O Vinicius tem mania de dizer que nós somos muito democráticos, eu vejo isso como uma grande qualidade, mas num país que não se sabe ao certo que droga é a “democracia” - pois não acredito nesse engodo de “Estado democrático de Direito” -; na maioria das vezes vivemos um sistema “Oclocrático” (Políbio adverte sobre o estado deturpado da democracia: a Oclocracia), onde ninguém sabe para onde caminhar. Contudo, desde a Tribo do Rock, assim como no Beiradeiros, nossa democracia é mais uma “Ditadura das Idéias”, ou seja, quem não se manifesta, quem não dar opinião, quem não nega, ou afirma, quem não argumenta é obrigado a aceitar as diretrizes de quem o faz. Por isso não devemos nos calar.

Por fim, está faltando um pouco de sensibilidade por parte das figuras de comando, para perceber quando usar seu poder de normatização, exemplo: instituir comissões, análises e planejamentos, levantamentos de dados, conferir atribuições, dividir funções, nomear lideranças - e principalmente cobrar dessas lideranças; Convocar processo eleitoral, obedecer a prazos e prescrições contidas no estatuto.

Creio que, seja através de toda essa dialética que, conseguiremos aprumar nossos caminhos, falhas há, mas em um projeto, há sempre a oportunidade de rever posicionamentos, contudo, nunca se afastando dos princípios básicos contidos no teor do mesmo.

Explicar as diferenças ocorridas a partir do surgimento do Projeto denotando as limitações que estão colaborando para o recrudescimento do Projeto a apenas um festival

A instituição: associação

Uma entidade sem fins lucrativos não significa uma entidade sem movimentação financeira, afinal, não consigo visionar uma instituição conseguir se manter sem movimentação financeira.

Conceituar Projeto.
· As diferenças entre Projeto e fórmula;
· O projeto e seus subprojetos;
· O planejamento anual;
· A base e o parâmetro norteador das ações executivas: o planejamento, o percursso, o tempo, a execução, a análise da execução, um novo planejamento.

Conceituar Cultura.
· Cultura como ferramenta de politização e interferência social.
· O instrumento político;

Conceituar Beiradeiro.
· O instrumento ideológico;

Análise dos objetivos do Projeto - em quê caminhamos?
· Conscientização a respeito do valor da produção local ( tem limitações? Sim, pois nos limitamos a produção apenas de música, e o pior, a apenas um estilo de música)
· A ação social do projeto (tem limitações? Sim: as ações não estão tendo continuidade.

Onde recuamos?
· Corremos o risco de nos transformarmos em apenas uma promotora de eventos.

Como podemos crescer?
· A capacitação dos membros do projeto e o apoderamento das ações.
· Como recuperar o ser do Projeto? Através de atividades e cursos de capacitação.
· Romper a barreira da dependência através do apoderamento.

O corpo administrativo do Projeto e suas funções normativas.
· Registrar as reuniões em ata, assinada por todos os participantes;
· Sensibilidade por parte das figuras de comando para perceber quando usar seu poder de Normatização, exemplo: instituir comissões, análises e planejamentos, levantamentos de dados, conferir atribuições, dividir funções, nomear lideranças e principalmente cobrar dessas lideranças. Convocar processo eleitoral, obedecer a prazos e prescrições contidas no estatuto.

Friday, August 24, 2007


#32 - Vilhena Rock entrevista TIO ZEH.
*Por Nettü Regert

No dia 17/08 a banda Tio Zeh se apresentou na segunda edição do UNIR Pró Rock, evento promovido pelo Vilhena Rock e Centro Acadêmico Renato Torres (Comunicação Social Jornalismo), e chamou a atenção pelo fato de, apesar de inexperiente, transmitir segurança e fazer um bom show, apesar do nervosismo antes de subir no palco. Formada por Marcelo Nery (voz e guitarra), Tainá (guitarra), Rui (bateria), Jonatan (baixo) e Mariane (voz), a banda tem um quê de futura revelação do rock local.

Para essa entrevista foi convocado Marcelo Nery, acadêmico da UNIR - Universidade Federal de Rondônia - e um dos "dinossauros" do rock vilhenense. Antes de começar a banda tem o nome de Tio Zeh em homenagem ao vigia da escola onde a banda ensaiava. Agora com vocês, Marcelo Nery:

Vilhena Rock: Marcelo, a banda Tio Zeh é uma das "caçulas" do rock local, mas já mostrou ter potencial na sua primeira apresentação - UNIR Pró Rock - o que você pode nos dizer sobre os objetivos da banda para 2007?
Marcelo Nery: Nossos objetivos estão focados no fortalecimento da cena rock e também na profissionalização das bandas, principalmente a nossa. Acreditamos que a música, independente de naipe, é a melhor forma de disseminar nossas ideologias próprias além de unir as pessoas em um só objetivo. Puxa.... tô parecendo um dalai lama respondendo assim. (rs)


VR: E como está a questão autoral de vocês? Produzindo muitas músicas?
MN: Estamos somente com um mês de existência. Temos muitas barreiras para quebrar. Mas já estamos trabalhando algumas músicas próprias. Não pretendemos viver de cover. Achamos importante, mas a autoria é nosso foco para breve.


VR: Você é o integrante mais recente da banda, embora seja o músico mais experiente, qual foi a sensação de encontrar uma banda jovem, praticamente "zerada"?
MN: Olha... Eu já fiz parte de cinco bandas e algumas fui eu que formei. Estou na estrada há 10 anos. A maravilha é que eu pensei que estava no final da empolgação e quando me fizeram o convite eu pude sentir novamente o gosto do desafio e a vontade de fazer parte de uma família musical. Eu sou professor de administração e amo ensinar. Na banda eu ensino o que posso, mas também aprendo muito com eles, é uma garotada fantástica. Acredito que iremos fazer uma parceria maravilhosa.


VR: E qual sua opinião sobre a atual cena rock vilhenense?
MN: Penso que a cena rock de Vilhena tem muito potencial. Conheço a galera de banda daqui e vejo que todos estão encarando com seriedade a coisa. Mas pena que esta seriedade seja muito individualizada na figura das bandas, ou seja, cada banda por si e o resto que se f*. Não gosto disso. Acredito em parceria. Ajudei muitas bandas que hoje estão se dando bem e não me arrependo disso. Com parceria a cena rock de Vilhena teria muito mais espaço. As rixas e intrigas só atrapalham e deixam uma imagem negativa não para esta ou aquela banda, mas sim para todo o conjunto de bandas que compõem a cena rock local.


VR: Sobre rixas, já que você citou, lembra de alguma ou já se envolveu em algum atrito?
MN: Acho que as rixas são mais ideológicas e de alter ego que pancadaria mesmo. Algumas bandas querem ser mais que outras. Nossa banda está começando agora e já tem outras bandas que nos olham com ar de superioridade. O incrível é que quando eu comecei a tocar em bandas muitos deles usavam fraudas. O negócio é ter mais humildade e não criticar e sacanear as bandas. Alguns se pudessem furariam nosso olho. Não me envolvo. Gosto de fazer meu trabalho e não dou bola para eles. Sou adulto e não vou ficar discutindo água. Prefiro mostrar meu trabalho e de nossa equipe, afinal, a opinião das bandas é muito importante, mas a opinião do público é mais.


VR: E sobre o público e sua insistência de pedir covers para uma banda autoral, já teve algum problema?
MN: Na banda Tio Zeh ainda não, pois ainda estamos apresentando músicas covers. Em outras bandas que fiz parte já tivemos problemas, mas com o tempo e com a execução de musicas próprias o público acaba por gostar e se familiarizar com o novo som. Pô! Eu curto muito o som da banda Enmou, por exemplo. As músicas autorais deles são massa. E muita gente canta e nem sabe que é deles.


VR: Pra encerrar, fale um pouco mais da banda e deixe um recado para os leitores do blog.
MN: Nossa banda nasceu de uma vontade da garotada que ama a música. Nossa proposta é fazer um som mais pop, mais leve e animado. Acreditamos que estamos indo pelo caminho certo. Estamos ai na luta para poder fazer o nosso melhor e aprender muito, além de nos divertir. Em breve estaremos com um projeto de um CD e uma página na net para que o público possa ver o nosso trabalho. Agradeço a todos e espero que possam prestigiar nosso trabalho. Abraços a todos e espero que possamos fortalecer o cenário musical local... é isso!


Foto: Tio Zeh - Por Gustavo Ozeika

Tuesday, August 21, 2007


#31 - UM MANIFESTO PUNK (A PUNK MANIFEST)
Por GREGORY WALTER GRAFFIN*

Eu nunca fui dono de uma gravadora, nem dirigi empresas de merchandising, então não me considero um expert em marketing. Eu evoluí através de minha habilidade como compositor, mas outras pessoas rotularam e mercantilizaram esse trabalho, tornando-o agradável para consumo. Embora eu tenha ganho dinheiro através do Punk, esse dinheiro é uma quantia modesta se comparada aos lucros de empresas que promovem o Punk como um produto a ser digerido.

Sempre busquei desvalorizar os traços de impulsividade e superficialidade desprovidas de emoção que as pessoas geralmente associam com Punk. O Punk é muito mais que isso, tanto mais que esses elementos tornam-se triviais diante da experiência humana que todos os punks partilham. Já que o Punk tem sido parte de mim desde mais da metade da minha vida acho que chegou a hora de tentar definir, e ao mesmo tempo defender, esse persistente fenômeno social.

É impressionante que algo com tamanha profundidade emocional e transcultural tenha ficado tão vagamente definido por tanto tempo, pois as raízes do Punk são mais profundas e antigas do que muitos imaginam. Mesmo nas últimas duas décadas, é difícil achar análises aprofundadas e abrangentes da influência do Punk Rock na música pop e na cultura jovem. E são ainda mais escassos documentos ou ensaios detalhando as causas intelectuais e emocionais que geram as definições mais exageradas e distorcidas que a maioria das pessoas atribui ao Punk. Esses foram os motivos que me levaram a escrever tudo isto.

Se minha tentativa ofende os puristas, destrói os segredos de uma pequena sociedade fechada, provoca pensamentos mais aprofundados, então eu cumpri minha tarefa e aqueles que se sentirem atingidos possam reconhecer a banalidade de suas posições. Afinal, eu não tenho nada a declarar além de minhas observações de uma sub-cultura que vem crescendo em proporções globais, e visitando e conhecendo muitos dos participantes desse fenômeno, eu encontrei traços comuns de pensamento em todos os lugares. Os processos de pensamento determinam as ideologias que unem as pessoas em comunidade.

Existe entre punks o desejo de formar comunidades, mas é preciso definir as formas e a origem dos fundamentos da ideologia Punk. O estereótipo atual do Punk é escarrado por um marketing massivo e uma infeliz ênfase na aparência em vez do conteúdo. Mas esses problemas não afetam o sentimento Punk. Eles apenas confundem a educação das novas gerações de punks, que não sabem o que isso significa. Para compreender o que é Punk, o caminho é longo. Este texto é parte do processo.


PUNKS NÃO SÃO FERAS

Punk é um reflexo do que significa ser humano. O que nos separa dos outros animais? Nossa capacidade de reconhecer a nós mesmos e expressar nossa unicidade genética. Ironicamente, a visão comumente aceita, entre formadores de opinião destaca a natureza animal, primitiva dos punks e sua música. Eles concluem que a violência é um elemento-chave na música Punk, e essa conclusão é facilmente aceita e perpetuada porque é fácil vender violência e notícias sobre esse tema sempre ganham espaço destacado na mídia. Este foco na violência ignora um verdadeiro elemento-chave do que o Punk significa.

PUNK É: a expressão pessoal da individualidade que vem da experiência de crescer em contato com nossa capacidade humana de raciocinar e formular questões. A violência não é comum, única ou exclusiva do Punk. Quando ela se manifesta, é devido a fatores não relacionados ao ideal Punk. Considere o exemplo clichê da briga de escola entre o aluno punk e o capitão do time de futebol. O esportista e sua turma não aceitam ou valorizam o punk enquanto pessoa. Ao contrário, eles o têm como alvo diário de insultos e provocações, o que nada mais é do que um reflexo de suas próprias inseguranças. Um dia, o punk se cansa daquilo e dá um empurrão no capitão do futebol bem no meio do corredor cheio de colegas. Os professores expulsam o punk da escola e se baseiam em seu corte de cabelo e roupas para defini-lo como um mau elemento, violento e incontrolável. Os jornais locais dizem: "Briga escolar reafirma que a violência é o modo de vida dos punks". Raiva espontânea por não ser aceito enquanto pessoa não é exclusiva dos punks. Esta reação se deve a sermos humanos, pois qualquer um reagiria com raiva, independente da nossa subcultura ou filiação social, se nos sentíssemos desvalorizados e inúteis.

Infelizmente, há muitos exemplos de violência entre punks. Também há evidentes casos de pessoas desorientadas que se consideram punks. Mas raiva e violência não são traços Punks, na verdade elas não têm lugar no ideal Punk.
Raiva e violência não são a cola que mantém unida a comunidade Punk.


NA INDIVIDUALIDADE / UNICIDADE ESTÁ A PRESERVAÇÃO DA HUMANIDADE

A Natureza nos deu o embasamento genético do que o Punk significa. Há aproximadamente 80000 genes no genoma humano, e há cerca de seis bilhões de pessoas no planeta carregando essa dádiva genética. A chance de haver duas pessoas carregando o mesmo genoma é tão pequena que chega a ser incompreensível (a proporção é de 80 mil vezes o número de pessoas que você conhece em toda a sua vida - na prática, se torna impossível!) Os genes que carregamos têm um papel fundamental em nosso comportamento e nossa visão de mundo. É por isso que existe a dádiva da individualidade, pois ninguém pode ter o mesmo grupo de genes que você controlando sua visão da vida. O outro grande fator que molda nossa visão de mundo são os aspectos culturais. Estes têm um efeito homogeneizador no nosso comportamento adulto.

Por exemplo: um grande bairro só de operários pode contar com 15 mil pessoas que cresceram com os mesmos ideais, trabalharam nas mesmas fábricas, vão às mesmas escolas, compram nas mesmas lojas e torcem para o mesmo time. Conforme as gerações mais novas se confrontam com suas antecessoras, há uma constante interação de forças opostas entre o cunho social que sua cultura impõe e a expressão genética da individualidade. Aqueles que perdem o contato com sua natureza se tornam robôs da sociedade, assim como aqueles que demonstram um desenvolvimento individual diferenciado se tornam animais errantes. O Punk defende o desejo de caminhar na linha fina entre esses dois extremos com total maestria. O Punk quer expressar sua natureza própria e única, e ao mesmo tempo quer abraçar os aspectos comunais de seu desenvolvimento. A conexão social que punks têm é baseada no desejo de entender a visão de mundo única de cada um. "Movimentos" punks são estruturas sociais onde essas visões são aceitas, às vezes adotadas, às vezes descartadas, mas sempre toleradas e respeitadas.

PUNK É: um movimento que serve para refutar atitudes sociais que são perpetuadas através de propositada ignorância coletiva da verdade sobre a natureza humana. Justamente porque depende da tolerância e rechaça a negação, o Punk é aberto a todas as pessoas. Há um elegante paralelo entre a dependência do Punk de visões e comportamentos únicos e nossa própria predisposição genética à individualidade.


A BATALHA DO MEDO E DA RACIONALIDADE

A compulsão à conformidade é um poderoso efeito secundário da vida civilizada. Somos ensinados a respeitar as visões de mundo de nossos pais e quando percebemos que elas são apenas opiniões dogmáticas, somos instruídos a não fazer alarde, a parar de fazer perguntas difíceis. Muitos apenas seguem a correnteza das noções pré-estabelecidas e nunca se expressam, o que equivale a uma morte em vida. Nossa espécie é única na sua capacidade de reconhecer e expressar a si mesma, e o não-exercício dessa função biológica é uma negação do próprio grau de seleção natural que a criou. Esta complacência é um refúgio seguro contra o medo do fracasso. É fácil admitir que se todos os outros estão fazendo algo, não há como errar se você apenas seguir o exemplo.

Isso é vantajoso para gado e aves migratórias, mas pessoas com essa mentalidade podem provocar o fracasso de toda a raça humana. Pensar e agir na direção contrária à opinião corrente é um fator fundamental para o avanço humano, e é também uma potente manifestação do Punk. Se certo assunto é considerado verdade só porque outros assim o dizem, então cabe ao Punk procurar uma solução melhor, ou pelo menos achar uma variável independente que acabe confirmando a visão sacramentada (porque às vezes a opinião popular é apenas um reflexo da natureza humana, e o Punk não nega este fato). Esta capacidade de ir contra o modelo de pensamento corrente foi fator fundamental dos maiores avanços do pensamento humano através da história. Todo o Renascimento foi marcado por idéias que desafiaram os dogmas da época, e acabaram revelando verdades naturais e existenciais que qualquer um pode observar hoje, e que sempre nos acompanharão. Galileu Galilei desafiou a Igreja Católica e perdeu a batalha, ficando preso numa masmorra pelo resto da vida. No final, ele venceu a guerra - quase ninguém acredita hoje que o Sol orbita a Terra e que Deus nos colocou no centro do Universo. Francis Bacon insistiu que o destino da raça humana está na compreensão. "Se negarmos este princípio fundamental do significado de ser humano, então descemos até as profundezas do mero barbarismo", ele escreveu.

Charles Darwin, muito tempo depois do Renascimento, admitiu ter sido influenciado por sua tradição, tanto que foi treinado para ser um teólogo, mas não se afastou do desejo de estudar a ordem implícita que conectava todas as espécies que ele observava em suas viagens. Suas idéias questionaram muitas doutrinas Bíblicas, mas seu raciocínio foi ouvido, e num processo de auto-evolução (a luta em sua mente para alcançar um entendimento maior), ele evoluiu a humanidade ao criar um novo alicerce do conhecimento humano. O dogma da Igreja foi marginalizado com o tempo. O medo que o Clero tinha da repercussão dos trabalhos de Darwin foi vencido pela onda de entendimento que suas idéias criaram nas pessoas e pela verdade natural revelada em suas observações.

O processo de pensamento do Punk, controlado por este desejo de entendimento, é um xérox das tradições Renascentistas. O fato de haver tantos exemplos históricos que demonstram o desejo de destruir dogmas nos leva a um poderoso princípio: é um traço natural do ser humano civilizado ser original. A certeza de que a individualidade é tão rara revela que nossa natureza é sufocada por uma força opositora igualmente poderosa: medo.

PUNK É: um processo de questionamento e compromisso com o entendimento que resulta em progresso individual e por extrapolação pode levar ao progresso social. Se um número suficientemente grande de pessoas se sente livre, e são encorajadas a usar suas habilidades de observação e raciocínio, grandes verdades vão emergir. Estas verdades são reconhecidas e aceitas não porque foram transmitidas à força por alguma entidade totalitária, mas porque todos nós experimentamos algo semelhante quando as observamos. O fato de punks poderem se relacionar entre si em relação aos problemas sociais que sofrem devido a suas escolhas vêm de experiências de vida comuns a todos eles, de terem sido maltratados por pessoas que não os querem por perto. Cada um tem a sua experiência com não-aceitação e pode se relacionar com a história do outro sem aderir a um código de comportamento. A verdade da perda, do prejuízo pessoal, é derivada dessa experiência que todos compartilham, e não de uma fórmula ou Constituição à qual eles têm que se submeter. Os punks aprendem da experiência que o prejuízo pessoal é errado, e isso se torna um princípio de vida.

Não foi tirado de algum livro-texto. Sem lutar para melhor compreender, e sem enfrentar as crenças sacramentadas, a verdade permanece escondida atrás do hábito, da inatividade, da ideologia prescrita.


O QUE É VERDADE?

Os filósofos distinguem entre Verdade com 'V' e verdade com 'v'. Os punks negam essa fórmula. Verdade com 'V' representa a ordem prescrita por algum ser transcendental. Isto significa dizer que a verdade vem, em última instância, de Deus, que tinha um plano para o Universo quando de sua criação.

Verdade com 'v' é a que descobrimos por nós mesmos, e com a qual todos podemos concordar devido a experiências e observação do mundo. Também é chamada de verdade objetiva, de dentro de nós, revelada nesta Terra em oposição à Verdade, que vem de fora e é projetada sobre nós, especificamente para nós seguirmos. A moral não precisa ser um produto da Verdade. A verdade objetiva se presta igualmente bem a uma cultura espiritual e moral.

PUNK É: uma crença de que este mundo é o que nós fazemos dele, a verdade vem do nosso entendimento de como as coisas são, e não da aceitação cega de prescrições sobre como elas deveriam ser. A dependência do Punk na verdade objetiva vem da experiência comunal de ir contra o molde. Qualquer um que tenha discordado da multidão percebe a verdade nessa experiência. Ninguém precisou escrever uma doutrina para ensinar ao rejeitado o que significa ser diferente. A verdade era suficientemente óbvia, e essa verdade pode ser compreendida e aceita por todos que já partilharam dessa experiência.


O QUE É MEDO?


Os medos que levam as pessoas a se conformar geraram períodos sombrios na história humana. A Idade Média, também chamada de Idade das Trevas, foi um período tranqüilo, sem revoltas ou levantes populares, mas ao mesmo tempo sinistramente silencioso e pestilento, sem espaço para opiniões contrastantes. A pseudo-paz e tranqüilidade que a humanidade experimentou na Idade Média, conformando-se a uma rígida burocracia imposta pelo Rei e pela Igreja, mascarava um dia-a-dia de terrível miséria. A vida se torna fácil, sem direção, sem objetivo, para o camponês que apenas produz mercadorias e prole para o benefício do Rei. Mas usar o medo para controlar os camponeses (ou, por comparação, os operários) é uma enganação de curto prazo, pois camponeses têm a mesma capacidade mental da Realeza. Os traços biológicos de auto-reconhecimento e o desejo de se expressar não podem ser contidos por muito tempo.

Eventualmente, os camponeses percebem que a vida sem a prática do raciocínio é tão válida quanto a vida de um animal da fazenda. Ser controlado pelo medo é tornar-se biologicamente inerte, incapaz de subir ao palco do Teatro da Vida, apenas existir e sumir sem deixar herança. O medo controlador do comportamento humano é adquirido, não é um traço natural. Ele difere do medo por auto-reflexo, o fugir-do-desagradável que todas as criaturas possuem para se manter vivas. Humanos têm reflexos motores como esses, mas o medo do fracasso, de se posicionar diante de uma crise, de dizer o que pensa, vem do Sistema Límbico. O Sistema Límbico é uma rede de neurônios que controla nossas emoções mais profundas. Ele conecta duas partes do cérebro: o MIDBRAIN, para onde vai a informação sensorial (estímulos visuais e auditivos), e o FOREBRAIN, onde essa informação é processada.

Embora o FOREBRAIN tenha se desenvolvido há 480 milhões de anos, desde o surgimento dos primeiros vertebrados, ele adquiriu funções especiais e únicas na raça humana. Uma porção específica do FOREBRAIN, o Córtex Cerebral, é mais desenvolvida em humanos do que em qualquer outro animal. 95% do nosso córtex cerebral é responsável por atividades mentais associativas como contemplação e planejamento. Os outros 5% processam as informações motoras e sensoriais.

Por comparação, um rato (assim como nós, um mamífero avançado) tem essa relação invertida: seu córtex é 5% associativo e 95% motor. Nosso superdesenvolvido sistema límbico é o âmago biológico do que significa ser humano. Nós nos destacamos dos outros animais pelo tempo que empregamos planejando, contemplando e nos expressando. O sistema límbico é poderoso o bastante para anular emoções primitivas e suprimir os desejos mais profundos.

Se você já segurou suas lágrimas ao assistir um filme triste porque não queria que seus amigos o vissem chorando, você usou o poder de seu sistema límbico. Você contemplou as repercussões de ser visto chorando e fechou a cascata emocional que causaria as lágrimas. Assim como a racionalidade, o medo também é um produto do sistema límbico. Medo é geralmente um comportamento racional baseado em pensamentos irracionais, e pode anular totalmente o poder processual do córtex cerebral. Negação e medo andam de mãos dadas, e ambos são exemplos de como o sistema límbico pode suprimir estímulos óbvios e provocar comportamentos seguros e confortantes. O sistema límbico é como qualquer outro órgão no sentido de que pode operar independentemente da nossa vontade para produzir resultados prejudiciais.

Cuidar do corpo resulta em saúde geral, mas o sistema límbico requer constante atenção para ser dominado. Para superar o medo, você precisa se aproximar de seu sistema límbico e reconhecer quando ele está suprimindo o óbvio. Regras de etiqueta e "ser agradável" são formas clássicas de repressão do sistema límbico, às vezes necessárias mas que em última instância desvalorizam a originalidade humana. Mentir é a forma mais completa de repressão do sistema límbico. É a negação do óbvio. Pessoas sinceras, autênticas e confiáveis são aquelas que aprenderam a ser mestres de seu sistema límbico. Elas conhecem o desejo de mentir, não são imunes a ele, mas racionalizam que é futilidade pura defender o que não é a verdade.

Mentirosos, por sua vez, são escravos de seu sistema límbico, sem contato com suas capacidades mentais mais básicas. Seu comportamento é reservado e astuto porque eles permitem que seu raciocínio falho, que esconde o óbvio, controle e construa sua máscara. Eventualmente se rendem à verdade, mas só depois de defenderem seus medos secretos até a última possibilidade de distorção da lógica e enganação. Políticos, Clérigos, Empresários e Juízes são mestres em distorcer a lógica e promover o medo. Eles são os alvos primários do Punk porque não respeitam pessoas que controlam seu sistema límbico. E isso é óbvio para o punk, que denuncia a obviedade desses atos mesmo sob o risco de perder seu status social.

PUNK É: a luta constante contra o medo das repercussões sociais.


O MOVIMENTO PUNK

Eu tentei enumerar alguns fatores que fazem do Punk um movimento, no sentido cultural. O estereótipo de um imbecil desalmado vandalizando, destruindo, roubando, brigando ou discutindo em nome de alguma causa vazia não é mais punk que as carinhas bonitas e superproduções de seus astros pop favoritos.

Como sexo, violência e auto-afirmação são extremamente vendáveis para a indústria do disco, muitas bandas mordem essa isca e se rotulam como punks, sem perceber que ao fazê-lo desse modo, estão perpetuando um estereótipo conformista que é totalmente não-Punk. A atitude "junte-se a nós", que busca atrair seguidores, resulta num bando de cabeças fracas que pensam que sua força está no grande número de clones padronizados que eles são. Porém, não há força nos números se o que une as pessoas é um mantra míope, subserviente e coercitivo que cria facções e promove princípios exclusionários. Ideologias fortes não precisam de uma máfia para pregá-las. Elas sobrevivem através do tempo e nunca desaparecem porque estão intimamente ligadas à nossa biologia.

São parte do significado de existir enquanto Homo Sapiens. O Punk tipifica-se nesta tradição. É um movimento de proporções épicas, que transcende o imediatismo do aqui-e-agora, porque está, esteve e sempre estará presente enquanto homens caminharem sobre a Terra. Entramos hoje numa nova era na voraz marcha cultural humana. Graças à Internet, as pessoas podem se comunicar diretamente de novo. Na rede mundial de computadores, o comportamento humano é interativo, como era antes do "advento" da comunicação de massa. As pessoas buscam discussões ideológicas e de modos de vida, em oposição ao comportamento típico do século XX, do indivíduo isolado das companhias e preso a códigos ditados por redes de comunicação e/ou de comércio. As mentiras e segredos das elites vão se desfazer rapidamente conforme a conversação global que se forma na rede arregimenta mais pessoas dia após dia. A população mundial se tornará mais receptiva a ideologias alternativas porque elas serão suas criações. Seremos menos receptivos a ideologias vindas de instituições ultrapassadas porque os buracos e falhas em sua lógica serão mais amplificados do que nunca ao serem divulgados mundialmente assim que forem revelados. Os princípios de "Força no Entendimento" e "Conhecimento é Poder", defendidos pelo Punk, se tornarão regra. A rigidez, brutalidade e futilidade de agendas secretas se tornarão óbvias, abrindo caminho para uma maior apreciação da individualidade humana e uma nova era de originalidade.


QUEM É PUNK?

Todos nós temos o potencial para ser punks. É mais complicado para aqueles que vêm de uma criação plácida, não-desafiadora e ignorante. Essas pessoas não vêem valor algum em questionar ou provocar as instituições que lhes deram essa tranqüilidade. Mas tais exemplos de existência sem consciência são raros no mundo encolhido de hoje.
Questões eternas ainda ardem nas mentes da maioria de nós. O que significa ser humano está ficando mais claro a cada década. Ás vezes, somos levados a seguir o caminho seguro para um túmulo em vida pelo consumo e repetição dos dogmas de uma aristocracia amedrontada.

Por outro lado, o espírito humano é duro de matar. O Punk é um microcosmo do espírito humano. Os punks triunfam usando suas mentes, não força bruta. Eles aperfeiçoam a sociedade com sua diversidade, não conformidade. Eles motivam outros por inclusão, não dominação.

Os punks estão na linha de frente do aperfeiçoamento individual, e, por extrapolação, podem melhorar a complexidade da raça humana. Eles seguem princípios universais não-escritos de emoção humana, óbvios para qualquer um, e recusam códigos elitistas de comportamento. Eles representam a esperança do futuro e revelam as falhas do passado. Não lhes diga o que fazer, eles já estão nos liderando!

Nota: Tradução do texto "A Punk Manifest", cujo original em inglês está no site oficial do Bad Religion (www.badreligion.com/history/PunkManifesto.html)

GREGORY WALTER GRAFFIN ou Greg Graffin, vocalista da banda norte-americana Bad Religion.

Saturday, August 18, 2007



#30 - Cena em Debate: Parcerias! Será que vale a pena?
Por Vinicius Lemos (Fanrock)

Primeiro, entre sempre no blog http://www.vilhenarockzine.blogspot.com, do nosso colaborador do Nettü Regert. Muito da cena de Rondônia, principalmente do Interior do Estado passa por esse blog. Quem gosta da cena de rocker estadual, deve ter esse blog entre os seus favoritos.

O que enseja esse texto? Primordialmente, a cena de Rondônia. Até que enfim, depois de vários eventos, movimentações e festivais, um deles (Casarão) fora quase perfeito no quesito de festival realmente, ou seja, mostra de bandas, integração com bandas de outros estados, debates, notícias anteriores e principalmente, as notícias (críticas ou resenhas) posteriores, que vieram com uma repercussão interna forte, seja de alegria, raiva, reflexão, contrariedade, risos, discussão, mais debates. Acessando o blog supracitado, dá para ter uma noção do que aconteceu no pós Casarão.

Não falamos nesse site sobre os acontecimentos do festival em tom de cobertura, e deixamos que as coberturas apareçam nos sites, blogs e tenham a sua repercussão. Quando falamos que o Casarão fora quase perfeito, é óbvio que tiramos sempre uns detalhes que pensamos que pode melhorar e que sempre aprendemos com uma realização, onde acertamos, onde evoluimos e onde podemos evoluir. Porém, os 4 dias, de quinta a domingo, proporcionaram uma integração com bandas de Rio de Janeiro, São Paulo, Acre e Amazonas, todas abertas a conversa. Sobre quem veio cobrir, tem Goiânia, Rio de Janeiro, Acre, Roraima e Mato Grosso. Quatro dias de debates acalorados, opiniões diversas, mas principalmente de troca de figurinhas interessante. Nunca um festival tinha dado tão certo em toda a sua palavra, levando em consideração que o Madeira cumpria somente o lado musical, faltava os debates. O Festival Beradeiros sempre tiveram bons debates, entretanto, limitados a Rondônia – Acre, e no ano passado, a Amazonas e Roraima inseridos nisso, porém sempre aconteceu algo nos festivais, como fora no Sesc interrompido abruptamente pelo pessoal do próprio local, e no ano passado, pela Polícia Ambiental no Ypiranga. Sempre foi uma pena acontecer esses imprevistos. Então, assim o Casarão aconteceu sem nenhum imprevisto e rolou legal.


Falando sobre a repercussão, o texto do Inimigo do rei, o principal que saiu até agora, sobre os shows e o evento em si, no site Dynamite, de São Paulo, causou furor em alguns e gerou um texto do Isaac Ronaltti, que colocou a cena de Rondônia no divã e analisou friamente. Falou prós, contras e tudo mais. A repercussão foi maior. Pena que houve um término de texto que insistiu em ver uma tendência na cobertura, que quase compromete o texto. Mas, o que importa nesse momento é a repercussão que trouxe.

O Eduardo, Inimigo do rei, leu o texto, discordou e também postou em seu blog algumas considerações e deu a idéia de continuarmos as discussões e debates, inclusive via MSN, eu, Nettu e Giovanni, ele participando como uma espécie de moderador, para colocarmos realmente a cena de Rondônia no divã. A idéia foi boa e aceita por todos, faltando somente verificar os dias livres de cada um para marcar um horário interessante.

No blog do Nettu, aconteceram dois comentários de pessoas envolvidas com o Beradeiros sobre o texto do Isaac. Um do Rafael Altomar, da banda Bicho du Lodo e outro do Giovanni Marini, da banda Coveiros. Como ambos fazem parte do Beradeiros, gerou uma espécie de conflito às claras de duas tendências que correm dentro do Projeto como um todo, duas visões diferentes, quase antagônicas e ambas desiludidas. Sobre esses comentários, Isaac, escreve mais um texto. Justamente dismiuçando tudo que fora dito pelos dois, tirando as ofensas ou palavrões e tirano o que de concreto tinha de critica, de desabafo, de válido em cada comentário.

Contou as histórias de cada um dos lados, tanto do Rafael, quanto do Giovanni. Escreveu apresentando uma espécie de embate do Novo x Velho – Experiência x Vontade. E entrou onde queria, que era puxar a orelha dos dois, e de todos que estão dentro o Projeto Beradeiros. Fez uma análise do que aconteceu, engrandeceu o que já aconteceu e apontou falhas no que esse ano corre o risco de não acontecer. Chama a galera a reacender o ânimo, a lutar novamente pela cena, por esse Projeto.

Esse atitude é boa, e ainda mais vindo de alguém que hoje está morando em Rio Branco, mas que é um dos mais atuantes da cena de Rondônia, mesmo de longe, mesmo distante. O Isaac, deu assim uns encaminhamentos, para quebrar barreiras e tentar fazer esse ano. Começou para definirem logo as datas, publicar logo as bandas que tocariam, tentar o apoio do Sesc para o local e tentar o apoio das Secretarias de Cultura para sonorização e iluminação, palco e ademais. Até aí, tudo bem. O que pegou, foi justamente quando ele coloca realizar parcerias com outros segmentos da cena de Rondônia, cita este site, FanROck, coloca a intenção in off do site de fazer outro festival até o final do ano, e sugere: por que não fazer juntos um só festival? Unindo a vontade do FanROck com a necessidade do Beradeiros.

É nessa hora que o bicho pega. Essa intenção do FanROck é real, porém, ainda em fase de análise de gestação, de possibilidade. Seria um festival pequeno, com uma banda nacional cada dia, uma ou outra banda regional por dia também, e várias bandas daqui, cerca de 5 por dia. Esse é o molde, essa é a intenção. E, claro, tentarmos repetir o entusiasmo que tomou conta da produção nos dias de Casarão, e trazer todo o debate de volta, trazendo mais produtores de fora, colunistas, jornalistas, revistas, veículos especializados e ademais contribuintes para a cena.

Porém, é complicada a opção do Isaac, de juntar as tribos, sem querer fazer nenhum trocadilho com a história que ele conta. Mas, o trabalho do FanROck, apesar de ser na mesma cena rocker, e buscar quase os mesmos objetivos que o Beradeiros, é complicado juntar-se em andar junto. Os fatores são numerosos, e o importante que eu vejo é frisar que não somos contra o Beradeiros, mas temos uma maneira diferente de trabalhar e isso dificulta a parceria.

O FanROck pertence à minha pessoa, e as decisões são sempre tomadas unilateralmente, é claro, que com a consulta de algumas opiniões, que ponderam os prós e contras, além das habituais sugestões, correções ou qualquer outra coisa que venha somar. A forma de trabalhar do Beradeiros é democrática e muitas pessoas dando opiniões, criticando, votando e apesar de se decidir, sempre sai algum insatisfeito.

Mas, o que diferencia de andar junto é justamente o excesso de pessoas do Beradeiros. Ana passado, acompanhei meio de longe o decorrer do festival, e vi que apesar de alguns cargos ilusórios, as decisões financeiras, foram tomadas pelo Isaac e o Elton em sua grande maioria, com uma significante ajuda do Caducho, e ajuda de outros, bem menores ajudas, porém, ajuda de qualquer forma.

O que mais me impressionou não foi isso, e sim que as pessoas que mais tomavam para si o nome Beradeiros não fizeram parte dessa empreitada financeira. E eu sei o quanto esses que citei os nome sofreram com os cheques voltando, com as contas não pagas, com as cobranças e com os infortúnios, até ver saldadas as dívidas. Mas, o complicado fora que pessoas que se omitiram, após a boa realização no Zé Beer e a salvação da lavoura, bradavam como se tivesse no front das questões e como se tivessem feito de tudo.

Acredito que conhecemos os homens nas horas difíceis, nas escolhas complicadas, no momento em que a decisão tem que ser tomada na hora, no momento em que o Juizado chega, no momento em que a Polícia chega e a pessoa fala, estamos aqui. Quem vai a Delegacia ajudar, quem negocia para realizar o show do dia seguinte. Nessa hora que conhecemos o poder de cada um, e a maneira de se portar em uma situação difícil. Ano passado, conheci alguns que louvaram essa expressão “homens”, como o Isaac e o Elton, que peitaram tudo e fizeram acontecer. Porém, muitos outros, se omitiram e depois contaram vitórias.

Nesse ano, fiquei sabendo por alto de algumas desistências, de brigas internas e da possibilidade de ter ou não o festival. E percebo e agora com o texto do Isaac tenho a certeza que o desânimo bateu no pessoal. Eu vejo como o motivo é justamente a omissão de certas pessoas. Lembro da teoria das laranjas podres, que juntando ao um saco de boas laranjas, apodrece as boas. O Isaac acerta quando fala que ali no Projeto tem pessoas inteligentes e capazes de grandes feitos, entretanto estão contaminadas pela apatia dos omissos.

E o pior de quem participa do Beradeiros é omisso, é aquele que só critica e ainda, que em qualquer evento de rock da cidade não ligado ao Beradeiros, critica por criticar, elogia somente as bandas ligadas ao Beradeiros, e fala que os eventos de verdade são os do Beradeiros. Mas, vamos parar para pensar? Qual evento o Beradeiros fez esse ano? O mini-beradeiros. Qual outro? Ou seja, queimam quem está trabalhando, usando o utópico, falando que o bom é um que está parado, ou ainda usam, o “verdadeiro” rock de Rondônia, ou o “verdadeiro” rock underground. Isso complica tudo.

No caso de encaminhamentos, eu vejo que os capazes tem que tomar rédeas e realizar, nem que seja um Plano B, ou até um Plano Z, mas que faça acontecer. Porém, a impressão que o Projeto me passa ainda é a dos omissos. E, por enquanto, eu particularmente, trabalho com pessoas que trabalham também, que não fogem, e assim, a realidade que uma parceria fica difícil. Enquanto o Beradeiros não fizer a auto analise e entrar de cara no divã, como sugeria o texto anterior do Isaac, fica difícil voltar à credibilidade. Quem vai depositar um risco de dinheiro num evento, se todos sabem que fica um jogo de empurra empurra? Com certeza, não serei eu.

O FanROck está aberto como sempre esteve a ajudar. Ajudei no primeiro Beradeiros, quando o Sesc impossibilitou a continuação e negociei com o Urublues na época para acabar por lá. Ajudei o ano passado, passando todos os contatos possíveis de bandas, produtores e jornalistas. Uma pena que não vieram muitos, mas abri os meus contatos para o Beradeiros. Ajudei também quando o Isaac foi preso pela Policia Ambiental, assim como ajudei na negociação para a transferência para o Zé Beer. Assim como alguns do Beradeiros me ajudaram esse ano no Casarão, o Janor vendo um lance de hotel, o Elton vendo o Microônibus que usamos, o Giovanni tentando achar um auditório, o Isaac comandando o segundo dia de debates, o Pablo da SucodinoiS emprestando prontamente a sua bateria (feito que outras bandas erroneamente não fizeram). Ou seja, a ajuda acontece e estamos abertos a acontecer, mas parceria? Difícil, muito difícil.

Esclareço que isso ainda não é a falta de humildade, onde o Isaac fala que teríamos que ser humildes e somente cautela. Não gosto que pessoas que não trabalhem ou não ajam, arrotem por ai, o fruto de um trabalho meu, e essa é a minha preocupação, além da econômica. Só falo sobre o que eu faço, só me vanglorio do que eu fiz, do meu histórico e nunca de uma coisa que alguém fez e eu nem ajudei, e no Beradeiros está cheio desses, e o primeiro encaminhamento é eliminar justamente esses.


HOJE EM VILHENA

EVENTO: FEST FANTASY
DATA: 18 de agosto
HORÁRIO: A partir das 22:00 h
LOCAL: Casa dos Inocentes (Av. Marechal Rondon, ao lado da Musical)
INGRESSOS: R$ 5,00 (antecipado)

RELEASE:

Festa a fantasia, então, vá fantasiado!
Também irá rolar a captação de imagens para o clipe de "VILHENA FUCK FASHION" da banda Enmou.
Quer participar, então vá lá!

PROGRAMAÇÃO:

22:00 h - Necrose

22:30 h - Enmou

REALIZAÇÃO: Casa dos Inocentes

Friday, August 17, 2007


#29 - “PARA ALÉM DO FESTIVAL - ALTERNATIVAS? COPIAR O SONRISAL”
Por: Isaac Ronaltti

Parafraseando o título da obra de István Mészáros - “Para Além do Capital” -, sem dúvida, o húngaro mais genial que tive notícias até hoje, até mais do que o gênio futebolístico de seu compatriota Puskas; resolvi batizar este ensaio de “Para Além do Festival” - na verdade, um péssimo título: fruto da minha natural falta de originalidade, mas que, por momento, consegue sintetizar parte do que quero expressar neste ensaio.

Após as diversas sensações induzidas por aquele mero provocativo, intitulado: "É FREUD OU É FRAUDE?" - que, por sinal, cumpriu com maestria seu objetivo - ser um gerador de debates -, muito embora, alguns interpretando como uma pobre provocação ao amigo “Inimigo do Rei” - Eduardo Mesquita - sujeito que colaborou incrivelmente para discussão de idéias em nossa cena: provando sua total competência como crítico, afinal, este deve ser o principal objetivo de quem crítica criativamente alguma coisa - apontar problemas e contradições e propor soluções e alternativas.

Contudo, não quero me ater a explicações e justificativas referentes ao último artigo publicado. Posso estar enganado, e até exagerando um pouco, mas creio que, logo, agradeceremos as críticas de Eduardo Mesquita a nossa cena. Isso porque, sua resenha foi combustível para o levantamento de uma série de questões; questões essas que, se transformaram em matéria prima para confecção do meu mal interpretado artigo - É FREUD OU É FRAUDE?; este último, provocando um pouco de polêmica, mas, principalmente, provocando alguns comentários riquíssimos: falo dos comentários de Rafael Altomar (Bode) e de Giovanni Marini - ambos, pontas de lança da atual gestão do Projeto Beradeiros.

Vou desconsiderar os insultos, desavenças e desrespeitos; ainda assim, sobram nos comentários citados, material suficiente para percebermos que, todos nós - leia-se “nós” como a cena rock de Rondônia -, perderemos muito, caso o Projeto Beradeiros não consiga realizar o Festival este ano. Pois, perderemos a noção de continuidade de trabalho. Diferenças de procedimentos existem em todos os setores das relações humanas, não diferentemente acontece dentro do Projeto Beradeiros.

Vou salientar algumas das virtudes das duas figuras anteriormente citadas - Rafael e Giovanni -, farei ainda, o uso de alguns trechos de seus comentários como referência.
Rafael sintetizou em poucas palavras, alguns pontos preciosos a respeito do Projeto Beradeiros, um deles foi que: “...o Projeto Beradeiros ainda era muito Tribo do Rock”; afirmativa que concordo em partes, pois , sendo eu, um dos remanescentes da Tribo do Rock, assim como Giovanni, diria que, o Projeto Beradeiros tem muito pouco da Tribo do Rock: pois em relação ao Beradeiros a Tribo do Rock tinha fins muito mais densos e politizados que o Beradeiros, sendo esta característica da Tribo do Rock positiva. A superação do Beradeiros em relação à Tribo do Rock, parte da idéia que o Projeto Beradeiros, embora, menos politizado, sua estrutura permite a promoção de uma cena cultural menos sectária, menos limitada, e politicamente mais abrangente - fato que, pode, dependendo do momento, ser positivo ou não. Ainda assim, o Projeto Beradeiros sempre terá um toque de Tribo do Rock, haja visto que, o Projeto nascera no interior da Tribo - creio que esta opinião seja consenso entre os remanescentes daquele movimento.

Contudo, Rafael é muito lúcido, sagaz e extremamente coeso. Sangue novo, que muito tem a somar e interferir num Projeto de dimensões - embora necessitem atualmente de melhores definições -, como é o Beradeiros.

Conheci Giovanni nas últimas festas da extinta Oficina do Rock, desde lá, militamos tanto na cena Rock, quanto no movimento estudantil da Universidade Federal de Rondônia; somos remanescentes da extinta Tribo do Rock, aquela que, pelo menos para mim, foi uma grande escola. Aprendemos muito nas diversas reuniões que realizávamos, a princípio, em um bar que não me recordo bem do nome, só lembro que ficava de frente a um antigo puteiro da cidade, até sermos expulsos pelo dono, sendo as reuniões transferidas para as escadarias da UNIR-CENTRO. Em relação ao Projeto Beradeiros, a Tribo do Rock era mais disciplinada e politizada - características que, creio eu, se bem desenvolvidas, serão de grande utilidade no atual Projeto Beradeiros. Como anteriormente comentei, nosso principal ponto negativo, que, grosso modo, foi superado pelo Projeto Beradeiros: se tratava do preconceito e os limites condicionantes da raiz política do movimento, que, apesar de ter uma ótima base
teórica, impedia em alguns momentos o desenvolvimento do grupo, por não aceitar outras matizes políticas e deixar que a convivência e o exemplo tratasse de gerar modificações no comportamento dos novos participantes. Com o fim da Tribo do Rock, nós e um bom número de bandas fundamos o Projeto Beradeiros. Fiz um breve apanhado histórico de parte da militância de Giovanni Marini no movimento rock porto-velhense.

Consideremos agora dois fatores muito importante: o primeiro, é o sangue novo, o ímpeto, a vontade, a sagacidade e o envolvimento de Rafael Altomar no Projeto Beradeiros. Adicionemos as qualidades de Rafael a experiência, militância e todo o legado de contribuição a cena rock de Rondônia de Giovanni Marini, que, muito embora, esteja aparentemente desmotivado, foi humilde, o suficiente, e assumiu as dificuldades e irresponsabilidades - suas e dos outros -, e cobrou união de um Projeto que, temo eu, passa por um momento arriscado, uma linha tênue que separa os que são história, dos que fazem história.

Qual o problema de se pedir ajuda? Qual o problema de se reconhecer erros? Ao invés de promovermos desrespeito, ao invés de expor o Projeto, realizando acusações e agravos públicos, não seria mais interessante reunir o coletivo do Projeto e, decidir, de forma adulta, planos coesos para a execução do festival? Peças inteligentes e politizadas para isso o Projeto tem. E o coletivo do Projeto, que aparentemente, faz força para afirmar que não é responsável pelos caminhos do mesmo, até quando se fará de omisso? Sim, omisso! Deixando tudo a cargo dos pontas de lança, como se, prevê-se que algo dará errado, preparando o caminho do culpado. Não há vítimas, todos nós temos uma parcela de culpa nisso tudo - assim como afirmara Giovanni.

Então, sentemos, nos respeitemos, e nos preparemos para possibilitar a vazão dos graves e agudos da guitarra do Bruno da Ultimato, do soar singelo e melancólico da voz do Caducho nas músicas da Recato. Nos preparemos para dar vazão todas nossas diferenças, assim façamos, Fabrica, Rádio ao Vivo, Bicho du Lodo, Coveiros, SucodinoiS, Sedna, Made in Marte, Enmou e tantas outras bandas. Negaremos a possibilidade do público rock de Rondônia de conhecer novas bandas? Bandas de Estados vizinhos: não foi assim que conhecemos a Banda Mr.Jungle? - incrivelmente adotada pelo público de Rondônia; também não foi assim que mais recentemente conhecemos a Filomedusa - tão bem criticada.

Creio que, algumas atitudes devem ser tomadas, não são apenas meros pitacos, por sinal, estive ultimamente pensando em possíveis propostas para colaborar na dissolução de algumas das barreiras que nos separam do Festival Beradeiros 2007. São elas:

1- Definir a data do evento, de forma que, este fator possa funcionar como uma pressão positiva, e principalmente, a elaboração de planos e metas amparados por um cronograma, afinal, supõe-se que um Projeto tenha um cronograma a seguir, ou seja, o Festival como uma das metas principais do Projeto deve ter uma data de execução como parâmetro. Isso conferirá muito mais seriedade ao Projeto, bem como, ao seu coletivo. Sem falar que, trabalhar contra o relógio nos impele e nos força a esboçar superações.

2- Publicar a lista de bandas que participarão do evento, advertindo as bandas de fora do estado, que, tudo que o Festival poderá oferecer é: Hotel, alimentação e translado urbano - as passagens ficam a cargo da banda. O dinheiro da bilheteria é suficiente para cobrir as despesas de manutenção das bandas - de outros estados e do interior - em Porto Velho; algo semelhante foi usado em algumas edições do último Grito Rock e funcionou muito bem;

3- Realizar parcerias com outros segmentos da Cena Rock de Rondônia. Fiquei sabendo que o FanRock tem em mente a realização de um Festival até o final do ano. Não seria a hora de uma parceria? Seria boa para a cena. Não acredito que o FanRock não aceitaria colaborar com o Beradeiros, e o Beradeiros não seria imaturo de no momento negar colaborações. Tudo que deve se atentar é para a autonomia do Projeto, obedecendo isto, será muito boa uma colaboração mútua entre vertentes de uma mesma cena; isso só requer humildade - de ambos os lados;

4- Assim como na primeira edição do evento, tendo em vista, a dificuldade para se conseguir um espaço apropriado para o festival, seria muito bom tentar negociações com o SESC, afinal, o SESC Rondônia tem um ótimo antecedente histórico junto à promoção do Rock local: no final dos anos 80 o SESC realizava em parceria com o Ferroviário o FERROCK; promoveu ainda no início da década de 90 o “Que viva o Acre” - evento realizado em prol dos desabrigados vítimas de uma forte enchente que assolava o Estado vizinho, promoveu no mesmo ano o Rock Vídeo; além de dar apoio a 1ª edição do Festival Beradeiros - no ano de 2005, ou seja, com um pouco de conversa o SESC pode vir a ser um ótimo parceiro, cedendo o espaço para realização da 3ª edição do Festival Beradeiros;

5- Tentar conseguir a estrutura de som com a Prefeitura de Porto Velho, nisso, vocês podem contar com o ajuda e o intermédio da Simone, uma das pessoas mais competentes daquele “antro”. Sejam inteligentes - “acendam uma vela para Deus e outro para o Diabo”, tentem conversar com a Secretaria de Cultura do Estado - lá vocês podem procurar uma moça chamada Bebel, usem do carisma e da lábia natural do beiradeiro;

Acredito que em suma seja isto. E quanto ao título do artigo a parte que se refere ao Sonrisal, tem a seguinte explicação: não sou muito tradicional, não acredito nesse papo ocidental de união - além de ser tradicional, sempre foi usado como um ótimo artifício de oportunistas e aproveitadores -, então, prefiro falar em “dissolver”, assim como um Sonrisal em um copo de água fria. E isso, por momento, é o que temos que fazer: nos dissolver, afim de que, juntos, em uma mesma solução, possamos nos tornar solução para nossos problemas, em especial, o Festival Beradeiros, então, tornemo-nos solução, dissolvendo, temporariamente, FanRock, Beradeiros; assim como todos os egos, que até agora, conseguiram, de forma inexplicável, prejudicar o andamento e o desenvolvimento do processo de uma cena. Faço um apelo: Marx falou “proletários uni-vos!”, me aproprio da idéia e a reciclo em: Líderes e vertentes desta cena, dissolvei-vos! - assim como um Sonrisal.

No mais, “assim como a luta do poeta que atravessa noites ferindo o branco do papel”, continuo minha aventura em terras acreanas, triste por não poder colaborar mais por uma cena que faço parte, pensando “Para além do Festival”.


E HOJE:

EVENTO: UNIR Pró Rock #2
DATA: 17 de agosto
HORÁRIO: A partir das 22:00 h
LOCAL: Auditório da UNIR (Anexo ao prédio central)
INGRESSOS: Entrada Franca

Sugerimos a doação de 1kg de alimento não perecível ou um livro. Salientamos que a doação NÃO É OBRIGATÓRIA.

RELEASE:

O UNIR Pró Rock é um projeto criado por acadêmicos da UNIR (Universidade Federal de Rondônia), do campus de Vilhena, com a intenção de divulgar as bandas locais em eventos sócio-culturais, onde o principal objetivo é atrair os jovens para a Universidade além de abrir espaço para artistas locais. O UNIR Pró Rock é uma das iniciativas ligadas ao projeto REUNIR, que vislumbra eventos culturais em nosso campus.
A primeira edição do evento se deu no dia 1° de abril de 2007. Agora a intenção é que sua realização seja mensal, sempre com o mesmo formato: palestra + apresentação de bandas.
Contamos com sua presença!

PROGRAMAÇÃO:
22:00 h - Palestra: "Introdução sobre a história da UNIR em Vilhena"

22:30 h - Início da apresentação das bandas, pela ordem:

Participação especial: Professor Kléber
Tio Zé!
Fragmento
Overdrive
Enmou

REALIZAÇÃO: Vilhena Rock e Centro Acadêmico Renato Torres (CART)

Foto: Meramente ilustrativa

Tuesday, August 14, 2007


#28 - eu não quero convencer
*Texto de Hélio Dantas

eu não quero convencer

“olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida
olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar
eu que já não quero mais ser um vencedor...”
(marcelo camelo)

outro dia estava escutando (pela enésima e não última vez) o dark side of the moon do pink floyd (precisa dizer?). agora estou aqui como uma vaca mococa ruminando e pensando como o solo de guitarra de time sempre mexe comigo. aquilo ali está repleto de um lirismo melancólico, com aquele substrato de amargura cansada de quem vive no “mundo moderno”... esse solo e a introdução de us and them sempre me fazem pensar sobre isso.

é sempre assim. sempre há algo que nos faz pensar, refletir. deleuze¹, um filósofo francês que gosto muito dizia que esses eram os “intercessores” que nos levam a sair da nossa paralisia e... criar. um intercessor pode ser uma pessoa, ou uma música, uma obra de arte, um filme, um livro, um encontro, um acontecimento... então esses intercessores nos sacodem e nunca mais somos os mesmos depois deles.

um intercessor pode ser até algo banal... como em beleza americana, onde a pedante (embora gostosa) ninfeta angela hayes é o estopim que muda o mundo do coroa lester burnham. ou o alter ego tyler durden em clube da luta que detona todo o universo de jack... um intercessor também pode ser fruto de sonho e imaginação.

a sedução pode gerar um afeto que pode gerar uma mudança. o prazer do diálogo e da troca de idéias vale mais do que achar que você é dono de uma verdade sagrada.

eu mesmo com este texto não quero convencer ninguém, prefiro é conperder...

¹ Gilles Deleuze


Hélio Dantas - Poeta, professor, compositor e integrante da banda Coveiros (Porto Velho/RO)

Foto:
Coveiros, da esq. para dir. Del, Hélio, Giovanni e Iuri

Saturday, August 11, 2007

#27 – Chama o Ratinho!

Quem lembra daqueles debates "familiares e tranquilos" debates que aconteciam no programa de Carlos Massa?

Pois é, na cena rock de Rondônia hoje (polêmicas) só não tem porrada (porque somos inteligentes) e teste de DNA. Mediando, ou quase isso, vão aí algumas considerações sobre esse atual contexto.
Não deixem morrer o debate!!!

1. “Freud ou Fraude?”Quando postei o texto enviado por Isaac Ronaltti já tinha consciência de que o texto iria causar polêmica, mas ao tão controversa e negativa como está sendo. O próprio texto postado comete exageros ao citar a opinião que Eduardo Mesquita expôs sobre a banda Filomedusa/AC. Não vi nada demais no texto do Inimigo do Rei, assim como outras pessoas têm a mesma opinião.

Opinião, todos têm a sua. Poucos a escancaram e menos ainda fazem isso de modo aberto, racional, argumentado e fazem a questão de mostrar a cara. Isaac é assim, produziu um texto bom, apenas com (na minha opinião) aquela questão da resenha sobre a Filomedusa. Eduardo também é assim, resenhou, criticou e apontou para o que ele considera que pode ser corrigida ou alterada. Infelizmente, em Rondônia, quem tem opinião formada é massacrado. E estamos aí, evoluindo para trás, quem sabe algum dia a gente consiga se tornar tão arrogantes e preconceituosos como os “ícones culturais” de nosso Estado.

Agora volto ao texto do Isaac. Ele mandou um e-mail com o texto, o qual editei para que ficasse melhor para a leitura no blog, mas nada no texto foi mexido, absolutamente nada. Pensei bastante no texto, mas por fim postei porque precisava ser feito. Mexer no texto para abrandar as palavras? Cometeria o mesmo erro que os jornais locais fazem, tiram a opinião, alteram a informação, omitem dados e todos saem felizes e satisfeitos, como se nada tivesse acontecido.

Valeu a pena?

Muito, afinal a cena de Rondônia entrou em fase crítica de debates, como, pelo menos eu acredito, nunca havia acontecido antes. É a chance de resolvermos um bocado de mazelas antes que elas se escondam de novo e continuem lá, chatas, ofensivas e que não resolvem nada.


2. Ratos, sinos e gatos
Nós (Vilhena Rock, Beradeiros, Fanrock, Movimento Rock de Ji-Paraná, etc.) somos os ratos. Confesso que seria divertido procurar os sósias rondonienses de Mickey Mouse, Pink, Cérebro, Jerry, entre outros roedores famosos.

O problema é: não há só um gato para nós. Cada um de nós tem um, dois ou uma ninhada para marcar. E é aí que mora problema, normalmente vem alguém de fora e diz: “Olha, porque vocês não fazem assim...” ou “Isso está errado, vocês poderiam...”O que normalmente é respondido?
”Fica quieto, o gato não é seu” ou “Vai lá então, pega ele...”.
Ou vai dizer que não é assim?

3. Identidade regional
Ontem (10/08) o Rafael (Bicho du Lodo) e eu conversamos sobre identidade e diversidade cultural do Estado de Rondônia. Para quem não conhece RO vivemos em um estado que a cada cidade que você passa você percebe uma cultura totalmente diferente. Somos vários povos em um só, que, aliás, não se mistura basicamente, mas mantêm contato (pelo menos isso).

Então, Rafael disse não entender porque muitas pessoas daqui querem parecer tanto quanto às de fora, como se quisessem fugir da realidade regional. Bandas metidas a ingleses ou americanos, algo do tipo. Temos tantas referências, como danças do boi, cirandas, cultura cabocla, tradição gaúcha, etc. Mas essa carga cultural não está tão forte quanto poderia estar se tivéssemos um ensino histórico rondoniense decente. Me interessei (e sou apaixonado) pela história rondoniense apenas no colegial. Mas o processo histórico pelo qual passou Porto Velho é totalmente diferente do que o ocorrido em Vilhena. Isso não é desculpa, lógico, mas ajuda a ilustrar um pouco porque RO não é um estado tão consciente de si quanto é o Acre, por exemplo.

4. Chega de passar a mão na cabeça
Psicologia pura e aplicada, realmente como o Isaac escreveu. Se não forem apontados os erros, corrigirem falhas, pisar o pé na jaca estar consciente disso, seremos sempre reforçados a pensar que tudo está bom, bonito e perfeito. Quem não tiver gostando que saia e coisas do tipo.

Resumindo, deixem de passar a mão na cabeça para agradar, porque como foi debatido, só se tem a perder com isso, não se tem uma postura crítica de verdade. Ou seja, nada de mão na cabeça mais. E sem essa de querer passar a mão na bunda...

5. E o Casarão?
Bom, resenhar já não dá mais, seria algo requentado e nesse momento desnecessário. Estamos com algo muito mais interessante, que é pensar pro futuro, mesmo discordando do presente, o que é um ponto de partida quando se aproveita muito bem.

Queixas, sugestões, críticas e apontamentos?

Bandas – Gostei muito de Filomedusa, Tetris, Guardanapos (o vocal tem que aparecer mais), Bicho du Lodo. Matanza? Ecos eu não acompanhei direito. Sinceramente a única banda que ficou devendo foi a Miss Jane, os caras tocam muito, mas perderam uma boa oportunidade de mostrar SEU som. O Elton (Rádio ao Vivo) disse que criticaram, negativamente, as letras de sua banda. Quem pode com a geração Indie/MTV hoje em dia?

Estrutura e logística – A organização foi muito boa, mas se descuidou na questão do som, tanto no Big’s quanto no dia do Casarão.

No Big’s a Enmou estava na beira para tocar quando descobrimos que só tinha um amplificador para duas guitarras, misteriosamente o outro cubo sumiu e por forças ocultas do destino (de novo) voltou quando a gente tava para terminar. Evitaria muitos problemas negociar com quem faz a sonorização também trazer o som de palco, para evitar os possíveis problemas de correr na última hora atrás de cubo ou bateria. Lição aprendida aqui em Vilhena.

No Casarão, por serem dois palcos, a demora entre terminar uma banda e começar outra poderia ser remediada com uma equipe de palco, para agilizar. Assim quando uma banda terminasse a outra já arrastaria as pessoas e evitaria alguns poucos segundos (ou minutos) de “silêncio absoluto”.


Debates – Os debates se mostraram interessantes após o evento, onde pudemos ver na prática o que se debateu entre tão poucas pessoas que lá estavam e quem sequer sabia (ou sabe) o que está falando. Agradeço ao Eduardo Mesquita por ter dado o ponto inicial para que a cena rondoniense mude prá valer a partir de agora, assim como agradeço o Isaac Ronaltti por não deixar a bola cair em nenhum momento, dentro e fora dos debates, pra fazer valer as mudanças. Engraçado que se tratam de duas pessoas que não moram no estado (agora que o Isaac é acreano, hehe).

Acorda Rondônia!!!

Ratinho, nho, nho...

Friday, August 10, 2007


#26 - É FREUD OU É FRAUDE?
*Por: Isaac Ronaltti

Antes de ler este texto enviado por Isaac Ronaltti (Rádio Ao Vivo) respire fundo e faça um exame de consciência. Se críticas a você ou a amigos lhe incomodam, melhor parar por aqui, claro, isso se você for de Rondônia e tocar ou conhecer alguém que tenha banda por aqui. Se não for, pode ler a vontade. Abrindo a ferida para reparar os danos e fazer com que a cicatrização seja completa e mais eficiente possível.
Preparado?

"Resolvi, por malícia ou estupidez, colocar a intitulada 'Cena Rock de Rondônia' no divã. E nessa minha aventura pseudo-psicológica – afinal não sou psicólogo - tentar entender um pouco do 'Ide, do Ego e do Super-Ego' deste corpo estranho em formação – o Rock rondoniense. Procurei, em diversos campos do conhecimento, desde a ciência ocidental até a sabedoria do velho oriente, fórmulas e técnicas variadas para compreender um pouco do que está se formando em Porto Velho.

A princípio, possuímos uma boa quantidade de bandas. Embora, isto não signifique que, contamos com um grande excedente de qualidade reunido na região. Possuímos uma diversidade incrível de produção – considero esta, uma de nossas maiores qualidades – que deve ser protegida de modismos, ou de qualquer forma de padronização – me refiro a atual tendência de querer padronizar as bandas em um 'enlatado Indie'.

Parece que pouco a pouco estamos conseguindo desenvolver uma expressão de musicalidade regional, sem ser piegas, sem ser sectário, haja visto que, somos herdeiros de um caldeirão de culturas, que a história teve o cuidado de misturar, ou seja, somos uma mistura de índios, nordestinos, caribenhos, quilombolas, sulistas: uma notável síntese que vai desde as populações autóctones da região até os imigrantes dos diversos ciclos econômicos vivenciados por esta terra.

Chegamos a um ponto interessante: durante muito tempo, consumimos os despojos e as 'modinhas' dos grandes centros, e é natural que isso ainda aconteça, várias bandas são formadas inspiradas pelos conflitos repetidos e bobos da Malhação, ou mesmo pelo Programa do Faustão, ou ainda, tem gente que monta banda para um dia ter a oportunidade de estar próxima a uma das diversas gostosas do Programa do Gugu, exemplos que nos dão boas razões para vomitar aquela macarronada tradicional de todo domingo. Estenão é o nosso caso, graças a Deus, Thor, Buda, Odin, ou qualquer bêbado de Rondônia que montou uma banda para falar algo, principalmente, porque este último percebeu que tinha o que falar. Dessa necessidade de falar, sublimamos a fase dos covers, passamos, mesmo que timidamente, a usar nossas guitarras, baixos, baterias e gargantas para falar de nossas angustias, anseios e sentimentos.

Passamos a expressar nossa per-versão, passamos a per-verter – passamos a verter em persona, verter em personalidade o nosso som. Primeira fase vencida – a barreira do cover -, percebemos, hoje, que o público solicita as músicas das bandas locais – o que já significa um grande avanço.

Entramos em uma nova fase, e nela, está a crítica ao que produzimos: sendo muito mais que um crivo, na verdade um elemento primordial. Elemento este, que colabora forjando e consolidando a qualidade musical que, queremos, e devemos primar.

A fase da crítica, se subdivide em outras duas subfases: a primeira subfase é a crítica que classificarei como 'crítica do elemento externo' – basicamente se processa quando um elemento não pertencente ao nosso gueto, nicho, elabora visões e juízo de valor sobre o que produzimos. A segunda subfase é a 'crítica do elemento interno' – para não correr o risco de ser alvo de piadinhas homossexuais, até porque que não temos nada contra quem é, chamaremos de auto-crítica.

Visivelmente, ainda estamos na primeira subfase da crítica, e infelizmente, não conseguimos superá-la, tendo em vista que, ainda não aprendemos a lidar com a crítica, com quem critica. Acostumamos com as críticas passionais e corporativas dos amiguinhos do colégio, ou das menininhas da rua de casa – que diz que o cara é lindo, maravilhoso, mas que nunca analisou as músicas da tua banda de verdade. Acostumamos com falsos, torpes e famigerados elogios. Elogios que nos fizeram acreditar que alguns de nossos despreparos, fossem qualidades excêntricas presentes nos mais famosos rockstar’s.

A alguns dias atrás, ocorreu em Porto Velho, a Festa do Casarão. Durante a semana processou-se uma série de palestras e debates a respeito da cena rock local, contando com a presença de colunistas e críticos, entre eles: Eduardo Mesquita – conhecido pela alcunha de Inimigo do Rei (Revista Dynamite), Tiago (Revista Outra Coisa), e Ynaiã ( Espaço Cubo). O fato é que, passada a semana de debates e festas, ao decorrer dos dias as resenhas do evento foram surgindo: e estas, aparentemente, acabaram por ferir o ego e o brio de alguns membros de bandas locais; e acreditem, até de alguns fãs destas 'grandes bandas'. Não estou tentando depreciar as bandas locais, pois nelas estão muitos dos meus amigos, e até porque, se o fizesse, começaria pela banda que sou integrante.

Meu objetivo, tão somente é, dar uma 'porretada' nos filhinhos mimados que se acostumaram com a mamãe dizendo que o filhinho é bonitinho, e que tudo que faz é genial. Precisamos ir além.

O que importa se o cara “babou o ovo” do Presidente da Fundação de Cultura das Cucuias? Algum interesse ele tinha. Isso é problema restrito dele. O que cada banda, participante do evento, deveria atentar, gira em torno de aproveitar o olhar do outro, o olhar da pessoa de fora, atentar e fagocitar as linhas resenhadas a respeito de sua banda, e assim, tentar desenvolver um processo de autocrítica sobre o que a banda está produzindo. Ou então, façam o contrário, vão se queixar com a mamãe, ela vai dar colinho, vai te acalentar, vai suprimir os defeitos da tua banda, vai fingir que tudo é genial, logo, não se tem mais o que melhorar. Precisamos sim, de críticas e autocríticas. Entenda-se que, não estou defendendo ninguém; também não estou legitimando que pessoas de fora venham até nossa terra e apenas falem mal.

Digo, apenas, que devemos desenvolver maturidade para analisar as críticas que fazem de nosso trabalho. Devemos também, promover um processo de crítica coerente do que é produzido nos estados vizinhos, para que não caíamos no parvo proselitismo de dizer, por exemplo, que tudo que vem do Acre é bom, é genial, é original, ou que qualquer banda que seja bem criticada pela Dynamite, pelo Circuito Fora do Eixo, pela Rolling Stones, enfim, por qualquer meio que tenha um certo “know-how”, seja uma banda realmente boa. Tudo que precisamos é usar a palavra dos outros a nosso favor. Isso também faz parte do processo de produção.

Confesso, que fiquei até feliz, em ver pessoas que não são ligadas as bandas defendendo-as nos sites onde as mesmas foram resenhadas. Bem que estas pessoas poderiam abdicar a proteção da telinha do computador e começar a participar de debates, assim “cara à cara”, colaborariam bem mais. Quanto aos nossos debates, espero que, comecem a ter como respostas ações.

Pois, toda vez que nos reunimos, lembro do conto da Assembléia dos Ratos, que, reunidos, procuravam um meio de se proteger e se informar quanto o aproximar do gato; decidiram então pendurar um guizo no pescoço do gato. O problema é saber quem se habilitaria a colocar o guizo no pescoço do gato. Assim como os ratos, temos ótimos planos, precisamos apenas definir, com clareza, quem se habilita a executa-los.

Nosso movimentar é forte, assim como as águas do Rio Madeira, da cidade que é mãe dos Beiradeiros, do FanRock, das bandas de Heavy Metal de Porto Velho, das UnderRock’s, do Arena; forte como as águas de Ji-Paraná – as mesmas que levaram para si a vida do militante do Rock local: Maicon (Victor) , mesmo assim não acabando com as diversas pessoas que promovem a cena naquela localidade. Forte é o movimentar que transpassa o Estado de Rondônia até seus extremos, pois lá no extremo do Estado – Vilhena - temos o Nettu Regert batalhando pela cena. Sem falar nos muitos agentes que estão espalhados aí pelo Estado, que nem sequer os conheço.

Precisamos de críticas sim, não de comentários esdrúxulos e passionais, mas aí fica à critério de cada um saber o que se pode aproveitar. Precisamos nos autocriticar, aproveitando as referências das críticas externas. E para encerrar com uma piada maldosa... o que não podemos esperar é que venha alguém de fora e diga que todas as bandas são geniais, que todos nós somos bonitinhos, que nossos timbres vocais são impressionantes, que somos virtuosos, que nos vestimos bem; pois, das duas uma: ou realmente somos tudo isso, ou, ou algum de nós acabou de assumir a Presidência de alguma Fundação de Cultura ou Secretaria de Estado (risos) – aproveitando as polêmicas geradas devido aos elogios, um tanto quanto exagerados, de Eduardo Mesquita a Banda Filomedusa, que independente de, ter ou não, em sua composição o Presidente da Fundação de Cultura do Estado do Acre – Daniel Zen -, é realmente, muito boa.

Prefiro, educadamente, observar Daniel como baixista da banda, por sinal, ótimo baixista. Se não, podemos cometer o erro de achar que os elogios à banda, se devem, tão somente, devido ao cargo que se encontra Daniel Zen – o que seria uma tremenda injustiça".