Monday, February 18, 2008

#62 - E o Norte gritou!

As edições do Grito Rock América do Sul foram bem calorosas e produtivas. Aqui vai um pouco do que foi feito e registrado na região:

GRITO ROCK 2008 Ji-Paraná

*Por Raphael Amorim

Sábado, dia 16 de fevereiro, foi realizado em Jipa a 2ª edição do GRITO ROCK, feito com baixo custo e muita força de vontade, aliás muito mais força de vontade.
O grito aconteceu no ginásio de esportes Gerivaldo José de Souza, o Gerivaldão, daquela conhecida forma de se fazer movimentações alternativas sem apoio, som que o bolso pode pagar, palco feito naraça pelas bandas, iluminação natural, e divulgação de internet, devido a falta de carteiras de OMB (humm) não foi cobrada entrada o que fez do evento aberto, ótimo também. O que mais nos supreendeu foi a participação da galera, alguns só indo embora quando o guardinha foi apagar a luzes, e a presença das cidades vizinhas como Presidente Médici, Ouro Preto, Cacoal, Ariquemes entre outras.
A noite começou com atraso (sempre) e foi aberta pela banda de Punk Rock Gospel EXTREMA UNÇÃO com um repertório curto porémmuito bem tocado. Em seguida veio a DI MARCO, mandado o bom e velho rock and roll alternativo, gerando uma interação bonita de se ver em Jipa entre o rock alternativo e a galera do metal (sou suspeito prafalar ahauhaua), então entrou em cena a tão falada HAWK ANGEL como seu Metal Gospel, botando galera pra pular, e mostrando um grandefeeling por parte dos integrantes, muito bom. A banda NEÓFYTOS entroucom um pouco de atraso por motivos de "fonte" ahaaha, mas quando estavam prontos mandaram aquele som sinistro que sempre mandam muitobem, os destaque ficou para o novo batera André, e claro o vocal Phabloque é um caso a parte, a noite foi encerrada pela banda de Cacoal NOVA ERA, que segurou a galera até os ultimos acordes, embora convocadaem ultima hora demostraram muita garra.
O saldo final foi positivo, a imprensa esteve presente registrando tudo, as bandas que não estiveram presentes fizeram muita falta, como o casoda ULTIMATO de Pvh que não veio por motivos de grana, até a bandaque não tocou por que o som não estava a sua altura (melhor não citar nomes)mas no fim tudo deu certo, bandas e público satisfeitos, injeção de ânimopra todos, o que significa cena fortalecida e que venham os próximos.
Obrigado a todos que estiveram presentes, ajudando, tocando, curtindo ou mesmo falando mal, muito obrigado mesmo...
* Raphael Amorim é vocalista/guitarrista da banda Di Marco


Grito Rock Boa Vista 2008


A independência do rock roraimense
* Por Victor Matheus

Há alguns anos atrás em Boa Vista, a cena rock era desanimadora. Pouquíssimas bandas acreditavam no seu talento e se esforçavam para divulgar suas músicas, enquanto quilos de bandinhas de proveta tocavam cover’s, faziam tributos e todo tipo de mercenarismo inimaginável acreditando que esse era o melhor caminho para divulgar e obter o reconhecimento do seu trabalho, ou seja, ridículo.

Hoje, a história é bem diferente, e o Grito do Rock Boa Vista, organizado pelo Coletivo TomaRRock, serviu para mostrar que agora a cena rock em Roraima mudou, e pra melhor, além de dar um singelo recado de “cala boca e pede pra sair” pra quem ainda pensa que só tocando covers de sucesso que se ganha o respeito e faz “ a galera agitar” de verdade.

Nos dias 08 e 09 de fevereiro, na Praça Velia Coutinho - Complexo Ayrton Senna, 14 bandas, sendo 11 de Roraima e 3 do Amazonas, provaram isso, tocando suas músicas com vigor e paixão, dando a cara à tapa e o que mais fosse preciso para defender suas composições, fazendo as mais de 3 mil pessoas que passaram pelos dois dias de festival se ligarem que aqui em Roraima tem gente fazendo rock de qualidade. Mais gratificante ainda é notar como algumas bandas já tem um público cativo que canta suas musicas, mesmo sendo pouca ou nunca divulgadas nas rádios locais. O Rock Roraimense tem potencial e há muito tem provado isso.

A estrutura do Grito Boa Vista assustou até os mais otimistas. A começar pelo fato do evento ser gratuito e ao ar livre, além de todo um apoio logístico, com stand dos patrocinadores, área de alimentação, banheiros, amplo estacionamento e ótima localização. A Mídia local (Jornal escrito, sites, rádios e canais de TV) fez uma cobertura eficiente, gravando reportagens, entrevistando bandas e registrando todos os momentos do Festival, antes, durante e após o evento, algo até então inédito para um evento de rock em Boa Vista. O som e a iluminação não deixaram a desejar, e nenhuma banda se prejudicou. A estrutura ainda contou com um camarim bem confortável e amplo para as bandas que aguardavam sua vez de tocar. Após o show , cada banda era conduzida para uma entrevista coletiva realizada pela organização do evento, e um release da apresentação era atualizado no site do coletivo (http://www.tomarrock.com/). Quem não pode ir, ficou sabendo quase em tempo real o que estava rolando. Todos esses pontos credenciaram o Grito do Rock Boa Vista a status de mega festival, e cito por merecimento. Certamente estará no próximo ano no mapa dos bons e grandes festivais independentes do norte.

A 1° noite do Grito começou com um atraso de duas horas, devido à montagem do som. A banda Yekuana subiu exatamente 21:00h, trazendo no seu som muita atitude (todos os integrantes estavam vestidos de garis, no melhor estilo das bandas nordestinas). Som com influências que vão do Hip Hop, passando pelo Reggae até o Metal extremo. Letras Politizadas. Destaque para a música “Mensaleiros Sangue Sugas” (com um refrão direto e sem enfeites – Mensaleiros Sangue Sugas, bandos de Filhos da Puta) e a participação de um grupo de hip hop do bairro 13 de setembro, mostrando a perfeita harmonia e integração entre as tribos. Em seguida, subiu a banda Hangar HC, hardcore direto feito pra quem curte skate. Letras fáceis, melodias simples. Destaque pro guitarrista Bento Filho, uma das promessas da guitarra Roraimense. Depois, com 12 anos de existência, a banda Garden subiu no palco do Grito pra mostrar como anos de estrada só contribuem para o entrosamento de uma banda que conta com músicos de qualidades técnicas indiscutíveis e admiradas. Tocaram musicas do seu CD de estréia, além de cover’s de artistas locais como a música Cruviana (Neuber Uchôa) e Locomotiva (Ben Charles). Destaque para Nequinho – Bateria, o coração pulsante da banda. O show ainda contou com a participação de Fabrício Cadela (Mr Jungle) nas guitarras. Na seqüência veio a Klethus, chamada de dinossauro do rock roraimense, afinal a banda está na área desde 1993. O som tem a pegada de new metal com pitadas de progressivo, letras reflexivas. A Klethus se prepara pra lançar o primeiro CD no mercado em breve. Destaque unânime pra guitarra/vocal Ellen Carmaine, mostrando que peso na guitarra não é coisa só de homem. A 5ª banda a subir no palco do Grito Boa Vista foi a Somero. Sem dúvida, uma das grandes promessas do rock boavistense para 2008. O som indie, carregado de romantisco e simplicidade, contagiou o público. O Carisma de Vinícius Tocantis – Vocal/guitarra, Paulinho – Baixo e Bizonho – Bateria convidou o público para embarcar no som intimista que a banda faz com competência e personalidade. Encerrando a 1ª noite do Grito do Rock Boa Vista, Several Bulldogs veio com seu Hard Rock até o osso e um EP lançado na praça. Destaque pra música “Bandida” a preferida do público local, e o virtuosismo da dupla Rubens – Rafael, que dispararam licks furiosos, deixando os rockers sedentos de hard rock poser de alma lavada.

A 2ª noite do Grito começou as 20:40h. A banda Bellini subiu no palco pra mostrar seu pop rock com influências de bandas da década de 80. As músicas vão do romantismo a questões sociais. Em seguida subiu a Veludo Branco, rock n’roll sem frescura e virtuosismo, com influências de Black Sabbath e ACDC. Destaque pra calça (?) de Mr Gonzo – Vocal/Guitarra, e a performance erótica no blues “Ela só quer me fazer delirar”. Na seqüência a novata ALT F4 protagonizou a grande surpresa da noite, empolgando o público, com direito a gritinhos de fãns e pulos no melhor estilo HC. Emocore moleque e grudento. Banda cheirando a leite e com futuro promissor. A 4ª banda do 2° dia foi a SHEEP. Já conhecida do público local, destilou seu grunge sincero em músicas como “Quarta”, e toda a melancolia na bela “Palavras ao Vento”, cantada pelo público. Destaque pro carismático Ramon Hiama – Vocal/guitarra, a personificação do ideal grunge, voz de barítono, e o brilho que só os rockstars têm. Alíases, do Amazonas, trouxe um rock n’roll inspirado no british rock, flertando com sons psicodélicos sem soar clichê. Destaque pro solo do batera Thiago “Abominável”, energia pura, sendo ovacionado pelo público. Em seguida veio a banda Mr Jungle, veterana da cena local e a mais expressiva banda do Estado com CD prestes a chegar no mercado, e um currículo que inclui participação nos principais festivais da Região Norte e Centro-Oeste. Com seu hard rock tocou fogo no público, que já canta grande parte de suas músicas. Destaque pra Jon Nelson – Bateria, o mais promissor batera local, e pra Diego Moita – Guitarra, com a competência poser de sempre quase destruindo sua stratocaster no fim do show. Sodabilly chegou do Amazonas, trazendo seu Rockabilly, costeletas e Topetes a lá Elvis Presley fazendo todos dançarem com seu repertório alternado de cover’s e suas músicas. Power trio competente e seguro. Destaque pra invasão do palco do público, que embalados ao som de “Johnny B. Goode”, transformou o palco da praça Velia Coutinho, no salão de festas do clássico “De volta para ao futuro”. Memorável. Pra fechar a noite e o Festival, as duas da manhã de domingo, Underflow, também do Amazonas, subiu no palco e detonou uma lapada atrás da outra sem piedade. Além de tocar suas músicas, com pegadas de hardcore (não aquele emo hypado que rola hoje nas MTV’s da vida) e punk, mandou ver no cover de “Itacoatiara” da extinta banda Platinados do Amazonas, além de Purple Haze botando os sobreviventes que ainda permaneciam no festival pra bater cabeça e ficar com pescoços doloridos.

As três da manhã de domingo terminava a 1° edição do Grito do Rock Boa Vista, com a clara sensação de alma lavada (da Organização, das bandas e do público) e com a certeza de dever cumprido. Foram mais de 12 horas de rock n’roll para todas as tribos. Afirmo com toda segurança que este foi o maior e mais bem estruturado festival de rock que Boa Vista já prestigiou, com bandas de qualidade indiscutível e profissionalismo, organização articulada, presença de público além das expectativas e cobertura total da mídia local.

Enfim a independência do Rock Roraimense, com orgulho e merecimento!

* Victor Matheus é radialista e guitarrista/vocal da banda Veludo Branco e um dos colaboradores do Coletivo Tomarrock.
Email: mrgonzo21@gmail.com

1 comment:

Marcos Felipe said...

Que dê tudo certo para as cenas de Jipa e de Roraima.

Um grande abraço dos beradeiros!!!