#6 - Madame Saatan (Belém/PA) lança compacto virtual
A banda paraense Madame Saatan está disponibilizando em seu myspace (www.myspace.com/madamesaatan) o compacto virtual com as músicas "Gota em Caos" e "Molotov". Em breve repasso outros sites no qual vocês podem baixar as músicas.
A banda é uma das maiores revelações do Rock do Norte do país e sua sonoridade é bastante peculiar, pois junta no mesmo "caldeirão" influências como metal, punk, hardcore e músicas regionais, o grande diferencial da banda. A banda também é conhecida por sua presença de palco, principalmente de sua vocalista Sammliz. No ano passado estiveram em vários festivais independentes, entre os quais o Grito Rock Cuiabá e o Festival Calango, nos quais tive a oportunidade de acompanhar. E gostei. Não desmerecendo a Pitty, mas vocês deviam começar a escutar novas bandas, é só um conselho. Dê uma passada lá no myspace da banda que você vai entender o que eu estou falando.
E para as bandas vilhenenses: quem sabe não está aí a oportunidade de lançar seus trabalhos de uma forma dinâmica e abrangente.
E para as bandas vilhenenses: quem sabe não está aí a oportunidade de lançar seus trabalhos de uma forma dinâmica e abrangente.
Nettü Regert
Circuito Fora do Eixo
"REC é inaugurado com lançamento da Madame Saatan
O programa é Compacto.rec, que visa o lançamento de uma série de singles virtuais. O primeiro do catálogo é o da banda paraense Madame Saatan, que estará disponível para download a partir de 1o. de abril, em sites integrados ao circuito."
por Pedro Acosta*
"No próximo domingo, o Circuito Fora do Eixo inicia seu programa ReC. O Fora do Eixo é uma rede de trabalho que associa produtores independentes de várias partes do Brasil. A sigla ReC (Rede de Comunicação) dá nome a um empreendimento que visa a incentivar trocas de tecnologia entre os participantes da rede, além de promover a circulação de seus produtores e produtos.
O primeiro projeto do ReC atende pelo nome de compacto.rec. Sua intenção é lançar compactos virtuais de bandas associadas ao Fora do Eixo. Com a popularização do consumo de música via internet e o declínio do CD, vem aumentando o resgate virtual do formato compacto. O single , como também é chamado, era um disquinho com geralmente duas faixas e foi popular no Brasil até os anos 80.
A diferença do compacto.rec é fazer os lançamentos não apenas em um site, como já acontece, mas em todos os veículos integrados ao Circuito Fora do Eixo. Cada um deles tornará disponíveis os fonogramas de cada lançamento e imagens que servirão de "capa" e "encarte" para os compactos. Os visitantes desses sites poderão baixar as músicas e as figuras, mantê-las no computador ou transformá-las num compacto físico.
O iniciativa vem para consolidar a rede de distribuição que o Circuito Fora do Eixo tem formado em seu um ano e meio de existência. O projeto compacto.rec revela muito do funcionamento do Circuito, ao jeito de um software livre: os fonogramas e as imagens serão enviadas para todos os 24 sites associados, mas cada editor publicará o conteúdo da forma mais coerente com seu veículo.
Madame Saatan – do Pará, o primeiro lançamento Compacto.rec
O compacto.rec surgiu de uma iniciativa da banda paraense
Assim, no próximo domingo, dia 1o. de abril , o compacto com as músicas "Molotov" e "Gotas em Caos" estará em todos os sites do Circuito Fora do Eixo, além de outros parceiros. A partir desses veículos, a divulgação se multiplica, considerando-se a mídia espontânea gerada pelo lançamento em cada um desses sites. "
São eles:
PA: http://www.myspace.com/madamesaatan
PA: http://www.portalcultura.com.br
PA: http://www.nafigueredo.com.br
PA: http://www.belrock.com.br
PA: http://www.roquenroubabe.com.br
SP: http://www.dynamite.com.br
SP: http://www.urbanaque.com.br
SP: http://www.engenho.art.br
SP: http://www.rockfeminino.org
RO: http://www.fanrock.com.br
RO: http://www.vilhenarockzine.blogspot.com
RR: http://www.roraimarock.com.br
GO: http://www.fosfororecords.com
GO: http://www.radiomidia.com.br
GO: http://goianiarocknews.blogspot.com
GO: http://ogritodoinimigo.blogspot.com
MT: http://www.espacocubo.blogger.com.br
MT: http://hellcity.blogspot.com
AP: http://coletivopalafita.blogspot.com
AM: http://www.tumtumprod.wordpress.com
RJ: http://www.overmundo.com.br
RJ: http://www.orm.com.br/ruido/
RN: http:// www.dosol.com.br
e mais:
http://www.senhof.com.br
http://www.tramavirtual.com.br
* Pedro Acosta é colaborador do site Senhor F e compõe a equipe de Comunicação do Circuito Fora do Eixo.
MADAME SAATAN
(Foto por Renato Reis)
(Foto por Renato Reis)
"A caboclada está em festa. Mandaram avisar que vem da floresta um novo batuque e ai de quem não estiver em seu devido posto – vai perder. Curupira desentortou as pernas pra chegar mais rápido e entortar o cabeção numa nice. Até Matinta Pereira se animou. Deu as caras e distribuiu pra todo mundo. É fumo rolando solto na mata, seô menino. Não é todo dia que vem por terra disco que promete abalar as estruturas entre o céu e o inferno, não. Lá longe, alguém berra. Começa a pajelança. Saci se regozija num oba-oba danado. O espírito baixou. A Madame Saatan chegou. Encostado num canto, o Capiroto esboça um sorriso e bota o chibé pra dentro. Faz cara de quem gostou. A cantoria não tem hora pra acabar.
Mas voltemos um pouco no tempo. Idos de 2003, quando ainda não existia uma banda propriamente dita – afirmação (negação?) contestada, sem maiores problemas, pela moderna física quântica e sua teoria das probabilidades. Senão, vejamos.
Sammliz era (não era) Sammliz e já surtava com a lua cheia. Ícaro era (não era) Ícaro, o contrapeso, desde sempre o equilíbrio em pessoa. Edinho era (não era) Edinho, o menino virtuoso com a educação de um gentleman. Ivan era (não era) Ivan, moleque malandro do Bairro do Jurunas e exímio jogador de Copas. Os elementos estavam na ar. Faltava, portanto, tão-somente um Big-Bang, um catalisador que causasse a reação química necessária pra que as dimensões se fundissem, dando vazão a uma possibilidade nova por excelência.
O nome da substância? Paulo Santana. Dramaturgo que, na época, encenava a peça "Ubu Rei", de Alfred Jarry (outro conturbado de berço), então rebatizada de "Ubu – Uma Odisséia em Bundalelê". Sammliz trabalhava com o moço e não titubeou ao receber o convite pra compor a trilha da montagem. Nascia a Madame Saatan, remetendo ao célebre filme de Cecil B. DeMille. Deus não quis falar? Who cares? Deu no que falar. E muito.
Tanto, que, se a temporada de náuseas e prantos da platéia chegava ao fim, o desconforto não podia parar. Não eram poucas as mães ainda a serem assombradas. Os trabalhos estavam apenas começando. No entanto, sem maiores neuras. Tudo em seu tempo – relativo que só ele. Assim como trabalho pode se confundir com diversão. E escandalizar não passa de uma mera quebra dos paradigmas. O tal do Caos, o tal do Cosmos. Fluxo e refluxo. Mal surgiu em 2004 e "O Tao do Caos", primeiro registro da banda em EP, reverberou o que era, até então, uma promessa e nada mais.
E, valei-me Nossa Senhora de Nazaré, o que diabos era aquilo? Mesclando letras de uma poesia tão original quanto o som calcado numa fusão de ritmos tão díspares entre si quanto heavymetal e carimbó, hardrock e lundu, baião e jazz, blues e trash – morre num metal amazônico, pro rótulo ser chamativo que dá gosto e por logo um fim às especulações –, o disquinho despertou a atenção da crítica e dos produtores na bucha, sem pestanejar.
Não demorou pros convites serem feitos e lá foi a Madame Saatan tocar por plagas desconhecidas, em importantes festivais do cenário independente, como Bananada (GO), Grito Rock (MT), Calango (MT), Se Rasgum no Rock (PA) e PMW (TO). Caiu de vez no gosto de santos e demônios.
Mas também, né, maninho... (e essa não é a primeira vez que digo isso). Quem tem Sammliz, não pode reclamar da vida. Nem se dar ao luxo de não aproveitar cada segundo dela. Pito e repito. Lembro-me bem do último show que vi da banda. Sammliz sambava. Pulava. Requebrava. E chorava ao microfone, exalando charme e tentação. Sentada a uma caixa de som, compartilhava momentos de intimidade com a platéia. Todos se digladiando por algumas gotas do suor da musa, sensualmente respingados por ela com as pontas dos dedos entre um suspiro e outro. Ah, se fosse só isso, porém...
Se não tivesse Ivan Vanzar fazendo de suas estripulias na bateria, inventando uma nova bossa com as baquetas, que gargalham nos tambores e no que estiver por perto – seja teto ou cabeça de menino. E o que seria dessa cozinha não fosse o baixo nervoso de Ícaro Suzuki (num frenesi estranho pra quem conhece o moço fora dos palcos; mesmo seu swing com o instrumento parece bater de frente com a esfinge aos olhos de quem o vê distante) a picotar os riffs de Edinho. Ah, se não fosse a maestria desse moleque Edinho – galã de ocasião – a injetar o sangue de quatrocentos cavalos e seus relinchos bem na jugular da criatura, devolvendo-lhe a vida esparramada qual éter pelo chão de anáguas...
Não haveria Madame Saatan. Não haveria essa dualidade monocórdia. Não haveria festa e nem a lua como a conhecemos. Não haveria "história de amor cine trash à meia-noite". Nem o álbum homônimo que ora celebramos.
Com produção de Jera Cravo, em conexão direta com a Bahia, e a participação de Alcir Meireles na direção musical, o CD foi gravado em apenas sete dias (há quem duvide e afirme que o sétimo foi de descanso) no estúdio "O Meio do Mundo", do ex-baixista da também paraense La Pupuña.
De onde saíram pérolas do cancioneiro prapular brasileiro – musical e poeticamente falando – como "dormindo nos braços da estátua com folhas nos dentes", da porrada seca que é Devorados, faixa que abre o álbum. Ou "nem seus pecados são mais você", de DUO. Chega, arrepia. Hits fáceis, já entoados pelo público nos shows. Público que delira por Diana de Messalina Blues. Bate cabeça em reverência aos soldados de Apocalipse. Isso, pra não falar do auê provocado por Cine Trash, citada acima. A surpresa fica por conta de Ela Queima, Ela Sorri, composta durante as gravações, em que encontramos uma Sammliz melancólica além da média. Simplesmente linda. Divina. Maravilhosa. Internacional.
A caboclada tem motivos de sobra pra festejar. É a Amazônia que pede passagem. Quem é rei, afinal, nunca perde a majestade. E já dizia a rainha: índio quer apito, mas também sabe gritar. Algum outro clichê aí na manga? Ou cansou da mesmice? Inúmeras são as probabilidades, não é mesmo? Pode, então, pegar a manga e começar a chupar. Transfigurou. Foi-se o tempo em que a mata era a explorada. Ela quer, agora, é explorar. O uirapuru vem cantando trazer as boas novas. Faz o pedido, que a Madame Saatan despacha.
Porque essa festa... ah, essa não tem hora mesmo pra acabar. "
Mas voltemos um pouco no tempo. Idos de 2003, quando ainda não existia uma banda propriamente dita – afirmação (negação?) contestada, sem maiores problemas, pela moderna física quântica e sua teoria das probabilidades. Senão, vejamos.
Sammliz era (não era) Sammliz e já surtava com a lua cheia. Ícaro era (não era) Ícaro, o contrapeso, desde sempre o equilíbrio em pessoa. Edinho era (não era) Edinho, o menino virtuoso com a educação de um gentleman. Ivan era (não era) Ivan, moleque malandro do Bairro do Jurunas e exímio jogador de Copas. Os elementos estavam na ar. Faltava, portanto, tão-somente um Big-Bang, um catalisador que causasse a reação química necessária pra que as dimensões se fundissem, dando vazão a uma possibilidade nova por excelência.
O nome da substância? Paulo Santana. Dramaturgo que, na época, encenava a peça "Ubu Rei", de Alfred Jarry (outro conturbado de berço), então rebatizada de "Ubu – Uma Odisséia em Bundalelê". Sammliz trabalhava com o moço e não titubeou ao receber o convite pra compor a trilha da montagem. Nascia a Madame Saatan, remetendo ao célebre filme de Cecil B. DeMille. Deus não quis falar? Who cares? Deu no que falar. E muito.
Tanto, que, se a temporada de náuseas e prantos da platéia chegava ao fim, o desconforto não podia parar. Não eram poucas as mães ainda a serem assombradas. Os trabalhos estavam apenas começando. No entanto, sem maiores neuras. Tudo em seu tempo – relativo que só ele. Assim como trabalho pode se confundir com diversão. E escandalizar não passa de uma mera quebra dos paradigmas. O tal do Caos, o tal do Cosmos. Fluxo e refluxo. Mal surgiu em 2004 e "O Tao do Caos", primeiro registro da banda em EP, reverberou o que era, até então, uma promessa e nada mais.
E, valei-me Nossa Senhora de Nazaré, o que diabos era aquilo? Mesclando letras de uma poesia tão original quanto o som calcado numa fusão de ritmos tão díspares entre si quanto heavymetal e carimbó, hardrock e lundu, baião e jazz, blues e trash – morre num metal amazônico, pro rótulo ser chamativo que dá gosto e por logo um fim às especulações –, o disquinho despertou a atenção da crítica e dos produtores na bucha, sem pestanejar.
Não demorou pros convites serem feitos e lá foi a Madame Saatan tocar por plagas desconhecidas, em importantes festivais do cenário independente, como Bananada (GO), Grito Rock (MT), Calango (MT), Se Rasgum no Rock (PA) e PMW (TO). Caiu de vez no gosto de santos e demônios.
Mas também, né, maninho... (e essa não é a primeira vez que digo isso). Quem tem Sammliz, não pode reclamar da vida. Nem se dar ao luxo de não aproveitar cada segundo dela. Pito e repito. Lembro-me bem do último show que vi da banda. Sammliz sambava. Pulava. Requebrava. E chorava ao microfone, exalando charme e tentação. Sentada a uma caixa de som, compartilhava momentos de intimidade com a platéia. Todos se digladiando por algumas gotas do suor da musa, sensualmente respingados por ela com as pontas dos dedos entre um suspiro e outro. Ah, se fosse só isso, porém...
Se não tivesse Ivan Vanzar fazendo de suas estripulias na bateria, inventando uma nova bossa com as baquetas, que gargalham nos tambores e no que estiver por perto – seja teto ou cabeça de menino. E o que seria dessa cozinha não fosse o baixo nervoso de Ícaro Suzuki (num frenesi estranho pra quem conhece o moço fora dos palcos; mesmo seu swing com o instrumento parece bater de frente com a esfinge aos olhos de quem o vê distante) a picotar os riffs de Edinho. Ah, se não fosse a maestria desse moleque Edinho – galã de ocasião – a injetar o sangue de quatrocentos cavalos e seus relinchos bem na jugular da criatura, devolvendo-lhe a vida esparramada qual éter pelo chão de anáguas...
Não haveria Madame Saatan. Não haveria essa dualidade monocórdia. Não haveria festa e nem a lua como a conhecemos. Não haveria "história de amor cine trash à meia-noite". Nem o álbum homônimo que ora celebramos.
Com produção de Jera Cravo, em conexão direta com a Bahia, e a participação de Alcir Meireles na direção musical, o CD foi gravado em apenas sete dias (há quem duvide e afirme que o sétimo foi de descanso) no estúdio "O Meio do Mundo", do ex-baixista da também paraense La Pupuña.
De onde saíram pérolas do cancioneiro prapular brasileiro – musical e poeticamente falando – como "dormindo nos braços da estátua com folhas nos dentes", da porrada seca que é Devorados, faixa que abre o álbum. Ou "nem seus pecados são mais você", de DUO. Chega, arrepia. Hits fáceis, já entoados pelo público nos shows. Público que delira por Diana de Messalina Blues. Bate cabeça em reverência aos soldados de Apocalipse. Isso, pra não falar do auê provocado por Cine Trash, citada acima. A surpresa fica por conta de Ela Queima, Ela Sorri, composta durante as gravações, em que encontramos uma Sammliz melancólica além da média. Simplesmente linda. Divina. Maravilhosa. Internacional.
A caboclada tem motivos de sobra pra festejar. É a Amazônia que pede passagem. Quem é rei, afinal, nunca perde a majestade. E já dizia a rainha: índio quer apito, mas também sabe gritar. Algum outro clichê aí na manga? Ou cansou da mesmice? Inúmeras são as probabilidades, não é mesmo? Pode, então, pegar a manga e começar a chupar. Transfigurou. Foi-se o tempo em que a mata era a explorada. Ela quer, agora, é explorar. O uirapuru vem cantando trazer as boas novas. Faz o pedido, que a Madame Saatan despacha.
Porque essa festa... ah, essa não tem hora mesmo pra acabar. "
(Caco Ishak)
Baixe aqui: www.nafigueredo.com.br/madame
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