Quase para a edição de 2009
Texto e fotos por Cris Guse*
Com alguns dias de atraso e a memória falhando, uma leiga em cobertura de festivais resolveu escrever sobre o que já vinha enrolando há alguns dias. Espero que o texto chegue ao fim, que eu consiga passar um pouco através dele qual era o clima desses três dias, e, principalmente, que vocês gostem.
Bom, o Festival Calango já não é apenas um festival de rock. Inovações que já vinham acontecendo nos anos anteriores chegaram com força total na edição de 2008. Além do nosso conhecido e amado rock’n roll, não faltou tipos musicais para escolher. Difícil ficar se achando um ET em um lugar onde você, mesmo se achando excêntrico, pode encontrar o que gosta.
Folk, Indie, Carimbó, Hip Hop, Maracatu, Jazz, Alternativo, Samba, MPB, dentre vários outros estilos compunham o ‘menu’ de atrações principais de um dos maiores festivais do país, realizados em Cuiabá entre os dias 08 e 10 de agosto. A eles se juntaram uma extensa e variada programação com prévias, oficinas, seminários, encontros, debates e GTs (Grupos de trabalho).
A partir de junho, Cuiabá já vinha se movimentando através da programação pré-festival, que contou com o Calango na Escola, estabelecendo Pontos Calangos (PC) em colégios públicos, onde produtores e artistas das artes integradas levaram atividades com o intuito de estimular o surgimento de novos profissionais.
Entre os dias 05 e o 10 de agosto, Cuiabá foi o palco de vários encontros que reuniram produtores e jornalistas do país inteiro. Além do ‘Calango em Mesa’, que contou com seminários sobre Economia Solidária, houve o projeto Comprador & Imagem do Brasil, a reunião anual da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) e o 1º Congresso Nacional dos Fora do Eixo.
Já os debates, oficinas e GTs contaram com temas nos setores de música, audiovisual, comunicação independente, teatro, literatura e artes visuais, organizados por projetos como o ‘Musicalango’, ‘Calango In Vídeo', ‘Plasticalango’, ‘Língua de Calango’, ‘Comunicalango’ e ‘Calango Encena'.
E não acaba por aí. Nos três dias do festival, realizado no Centro de Eventos do Pantanal, ainda teve tenda Consciência Hip Hop, rodas de Break, grafite, o Inventando Moda no Calango, WebRádio Fora do Eixo, Convenção de Tattoo e a 1ª Convenção de Moda.
A privilegiada de iniciar o Calango foi a banda selecionada nas prévias, Vitrolas Polifônicas (MT), seguida pela conterrânea, Los Bobs, e pela mistureba de maranhense, cuiabano e mineiro da Sweet Fanny Adams (PE). Logo após, a apresentação do Ebinho Cardoso Trio acrescida do baixista Celso Pixinga formou o Caminho das Árvores, contemplando os cuiabanos com uma belíssima apresentação.
Outras presenças que marcaram a sexta-feira foram Mamelo Sound System (SP), Diego Moraes e o Sindicatto (GO), MQN (GO), Venial (MT), Pata de Elefante (RS), Garage Fuzz (SP), Jumbo Eletro (SP), a francesa Papier Tigre, The Melt (MT) e a baiana Cascadura.
Para o segundo dia, a seleção não ficou por menos. A banda do Compacto.Rec, LaFusa (DF) iniciou a noite, seguida da rondoniense Hey Hey Hey, e, logo após, pela banda The Dead Lover’s Twisted Heart (DF), contando com uma batera mulher. A mato-grossense iniciante no festival, The Pockers, com seu indie rock, foi seguida da pernambucana AMP e pela Do Amor (RJ), tocando seu samba rock + carimbó.
Com uma mistura eletrizante, o segundo dia ainda contou com Lopes e Strauss, ambas de Mato Grosso, Filomedusa, a representante do Acre, e Linha Dura (MT), mostrando o hip hop para a galera. A atração internacional da noite, El Mato a Un Policia Motorizado, da Argentina, fez as vezes com o indie + rock psicodélico. Para completar, ainda teve Cérebro Eletrônico, de São Paulo, e duas bandas instrumentais, Macaco Bong (MT) e Hurtmold (SP).
No domingo, após uma semana cheia, ainda sobrava fôlego para muita coisa. O último dia começou com a apresentação da 1ª colocada nas prévias, N3CR (MT), seguida de Ayakan (MT), pela banda instrumental metal de São Paulo, Elma, e pelo som alternativo da mato-grossense Revoltz. Logo após subiu ao palco a cearense Fóssil e o Grupo dos Curueiros de Cuiabá (MT).
Depois veio o punk rock com os Snorks (MT) (obs.: me perdi no meio de tudo e não tenho certeza se o Snorks tocou, pois eu estava na coletiva. Como não achei fotos da banda, creio que ela foi substituída pela Curueiros, o.O), o pop rock/alternativo de Minas, com a Porcas Borboletas e o Soul, com Curumim (SP). Logo após foi a vez da já veterana em Calangos, Rhox (MT), do pop psicodélico experimental da Supercordas (RJ) e um pouco mais de hip hop com o Contra Fluxo (SP). Para finalizar, estiveram no palco (en)cantando o público a banda de Pernambuco com sua mistura de ritmos, Cabruêra, e a queridinha mato-grossense, Vanguart.
As bandas do Norte Hey Hey Hey e Filomedusa estiveram presentes no Festival mostrando que o ‘fora do eixo’ contempla realmente o país inteiro. As duas se apresentaram no sábado (09.08.08) e saíram satisfeitas do palco.
Formada há menos de um ano por Marcos Felipe Barbosa da Fonseca (guitarra/voz), Neila Azevedo (baixo/voz/teclado), Fiorelo Filho (baixo/guitarra/voz/teclado) e Gabriel Dantas (bateria), a Hey Hey Hey, banda da capital rondoniense, foi a segunda da noite. Na coletiva, os integrantes disseram que ficaram um pouco nervosos, mas que foi o melhor show da banda. E, além de terem se surpreendido com as Artes Integradas, a experiência que a participação em um grande festival traz é o mais importante.
A acreana Filomedusa surpreendeu não só com a boa música, mas também com o carisma da banda. Daniel Zen (baixo), Saulinho (guitarra), Thiago Melo (bateria) e Carol Freitas (voz), integrantes da banda com nome de sapo, contaram não se sentirem tão à vontade com a taxação de representantes do seu estado, pois tocam rock (a música universal), e não música regional. Já sobre a recepção cuiabana, o comentário foi um só: ‘a reação foi muito positiva’.
* Cris Guse é acadêmica de Comunicação Social/Jornalismo na UFMT e “enviada especial” do Vilhena Rock em Cuiabá.