Monday, June 21, 2010

#111 - 11ª ed. Festival Casarão – Repensando Rondônia.

As caudalosas águas do rio Madeira continuam a atrair mais vítimas ao seu leito imaginário. E como se não bastassem as correntes aqüíferas alguém foi buscar sereias para encantar ainda mais quem vem conhecer a capital do mais controverso estado brasileiro.


A 11ª edição do Festival Casarão trouxe, além do ineditismo do formato – para os padrões locais –, uma nova forma de pensar cultura em nosso estado, bem como levantar dúvidas quanto a capacidade de uma cidade pujante em se adaptar ao que é novo.


A mais recente edição do Casarão foi a que trouxe a programação mais equilibrada (por cima) de todas as que foram realizadas. A logística foi quase perfeita, mesmo com problemas quanto ao hotel original a receber as bandas e demais agentes, o qual foram resolvidos distribuídos em novos hotéis no Centro, possibilitando aos visitantes da cidade uma melhor mobilidade, uma vez que estávamos todos perto dos principais pontos turísticos de Porto Velho. Problema era estacionar dois ônibus no meio do caos que é o trânsito da capital rondoniense.


O festival começou na quarta feira (16) e foi até o sábado, 19, fechado por um show antológico do Móveis Coloniais de Acaju (você esperaria outra coisa?). Ao começar a escrever sobre o que vi e ouvi no Casarão pensei em não resenhar sobre as bandas e sim sobre a movimentação que o mesmo trouxe a capital rondoniense.


Felizmente não um ou dois destaques no festival, todos – repito, todos – os grupos que se apresentaram o fizeram da melhor forma possível e agradaram seu determinado público. Como ponto negativo posso apontar que o “palco” da praça Getúlio Vargas deixou um pouco a desejar pela equipe de sonorização, que não estava muito lá se esforçando para resolver os problemas que foram surgindo, como monitores queimando e retornos que não funcionaram muito bem.


Mas, então, o Casarão deixou de ser um ponto fixo situado ao lado do rio Madeira para se tornar algo cosmopolita, tomando para si as ruas da cidade de Porto Velho, mesmo que muitos de seus habitantes nem se darem conta do que foi que aconteceu por lá nesse último final de semana. O festival tornou-se global, deixou o físico para se tornar etéreo, pairar no ar. Minha opinião: este evento tem tudo para se tornar o ponto de convergência da cultura independente do estado. Basta agora é que os principais interessados, ou seja, o público (alvo) do festival colabore e faça parte dessa interação. Muitas pessoas que cobravam atrações para o evento acabaram não indo para aproveitar a presença dos grupos por estas terras. Muito estranho.


Queria ter ficado mais tempo em Porto Velho, mas o dever, a necessidade e o juízo me chamaram de volta a Vilhena.


Agora é convocar todas as pessoas envolvidas, e também aquelas que se envolverão, para repensar não só a estrutura do festival para o ano que vem, e sim toda a cadeia cultural de Rondônia e tornar este circuito cada vez mais viável e, porquê não, rentável para todos os agentes envolvidos, direta ou indiretamente.


O caso MÓVEIS!


Nesta nova configuração da música brasileira onde os artistas cada vez mais se envolvem na sua própria cadeia produtiva, saindo da música por si só e arriscam aventuras na produção de shows, sonorização, etc. o Móveis Coloniais de Acaju (DF) é um exemplo a ser seguido.


Quem fica impressionado com a qualidade de seus shows pouco imagina o processo quase ritualístico que se dá antes, durante e pós apresentação. É uma banda completa, que executa seu show com maestria, ao misturar competência e principalmente diversão, sabendo vender e bancar seu show, bem como aproveitar do marketing e vendas de vários produtos que estão em sua banquinha.


Se artista é igual a pedreiro o Móveis é a empreitada toda.


SUBPOP representou Vilhena


Quando os vilhenenses da SubPop subiram ao palco fui caçar um canto legal para acompanhar o show. Bruna Cruz ao me ver soltou “Olha o papai coruja”. Em tempo, a banda surgiu em 2006, nunca fiz parte dela, não participei em nenhum momento, sequer palpito no repertório. Sou só um entusiasta que acredita na banda, acho foda mesmo, e gostaria de compartilhar com todo mundo, num ambiente que não fosse o “quintal de casa” onde todo jogo é ganho. E fora de casa eles arrancaram talvez não uma vitória, mas um empate honroso e devidamente aplaudido.


Talvez por estar perto da casa dos trinta e ser pai a distância qualquer coisa que me empolgue deixo estampado na cara. Fazer o que?